Palmeiras e Corinthians resgatam magia dos grandes clássicos, diz colunista

Dérbi na Arena Barueri, ficou no empate por 2 a 2 – mesmo assim (ou exatamente por isso) “foi coisa de cinema”
Comemoração corintiana: placar disputado, expulsões e estratégia de técnicos fizeram história do derby paulistano – demais clássicos também mantiveram tradição. (Foto: reprodução)

Uma cena clássica do filme “Boleiros”, do cineasta Ugo Giorgetti, resume a mística em torno do maior clássico do futebol paulista, que a CNN listou em 2008 como um dos dez maiores do mundo.

Lima Duarte, interpretando um treinador inspirado em Oswaldo Brandão, faz um apelo a uma beldade (papel de Marisa Orth) que tentava seduzir o principal atacante palmeirense:

“A senhora não sabe o que é um Corinthians e Palmeiras!”.

O roteiro do clássico em Barueri foi coisa de cinema.

Até os 30 minutos do segundo tempo só deu Palmeiras.

Dois a zero no placar, superioridade tática e técnica e um caminhão de gols desperdiçados.

Nos 15 minutos finais, o Corinthians tirou coragem de onde parecia não existir e buscou um empate épico, quando tinha um zagueiro improvisado no gol e jogava com nove contra 11 do rival.

Não foi a sedução de uma bela torcedora que tirou o Palmeiras do prumo.

A falta de pontaria é o problema crônico de um time que cria 20 oportunidades por partida e concretiza 10%.

A superioridade palmeirense foi construída no confronto dos sistemas de jogo.

O time de Abel Ferreira tinha cinco jogadores no meio-campo, contra três da equipe de António Oliveira.

Quando o volante Raniele recuava para reforçar a linha defensiva, criava-se um latifúndio para os meio-campistas e atacantes palmeirenses avançarem.

Quando vieram as mudanças dos treinadores, o jogo virou.

Oliveira mandou a campo dois velocistas pelos lados, Pedro Henrique e Gustavo Silva. Abel Ferreira tirou os dois “mordedores” do meio-campo, Zé Rafael e Richard Ríos.

Os laterais palmeirenses Marcos Rocha e Piquerez, que jogavam livres para atacar, precisaram recuar para marcar os pontas alvinegros.

Aí o tal do controle emocional entrou em campo.

O goleiro corintiano Cássio foi expulso, e como já tinha feito as cinco alterações, o Corinthians precisou improvisar o zagueiro Gustavo Henrique como goleiro.

Logo depois, Yuri Alberto saiu por lesão, e a reta final da partida ficou eletrizante: 2 a 1 no placar e o Corinthians, com dois a menos, ganhando de presente faltas desnecessárias cometidas pelo Palmeiras.

Em uma delas saiu o gol de empate, numa cobrança defensável do argentino Garro (muito bom jogador), que o excelente goleiro Weverton pensou que ia para fora e resolveu tirar a mão. Resultado: bola na rede.

No lance final da partida, o Palmeiras conseguiu chutar uma única bola no gol defendido pelo zagueiro.

Quase que Gustavo Henrique papou um frangaço (existe frango para zagueiro jogando no gol, perguntam meus colegas aqui da CNN?), mas o volante Raniele salvou em cima da linha.

Em termos de classificação, o resultado não muda muita coisa, mas cria um ambiente de esperança para o Corinthians, ainda último colocado no grupo C do Paulistão.

Curiosamente, o Palmeiras, que lidera o grupo B, pode ajudar o rival, porque enfrentará o Mirassol, que está quatro pontos à frente do Corinthians.

Os outros clássicos pelo país foram ótimos.

O Botafogo, ainda com graves problemas emocionais trazidos do Brasileirão de 2023, levou outra virada em casa, desta vez para o Vasco, saindo de 1 a 0 para 4 a 2.

Resultado que tira o Glorioso da zona de classificação do Carioca, para onde o Cruzmaltino pulou.

Na Boa Terra, o Vitória e seu projeto Mil e Uma Noites de Amor derrotou o Bahia das Mil e Uma Noites de investimento do Grupo City.

O Clássico-Rei cearense terminou com um movimentado 3 a 3 entre Fortaleza e Ceará.

Em Curitiba, o Atletiba ficou no 1 a 1.

Maurício Noriega

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