Principal reduto calheirista em Alagoas, Murici deverá ser ambiente para disputa entre dois caciques, ironicamente, opositores ao principal representante do modesto colégio eleitoral de pouco mais de 17 mil votantes, o senador Renan Calheiros (MDB): o também senador Rodrigo Cunha (Podemos) e seu maior antagonista, Arthur Lira (PP).
É público e notório na classe política o foco nas eleições de 2026.
Em boa parte por Maceió apontar para a reeleição de JHC (PL) – ou seja, não projetar surpresas, sequer disputa – e haver fatores (esses sim, com disputa) como o fim dos mandatos de Calheiros e Cunha, bem como as pretensões de Lira e do deputado federal Paulão (PT), que já anunciou sua intenção de lançar seu nome ao Senado, o pleito deste 2024 estaria muito mais para um preâmbulo das eleições gerais do que reservarem maior importância por si mesmas.
Mas, voltando à bucólica cidade do Vale do Mundaú: o campo de embate, claro, é a oposição, no momento liderada pelo empresário Caubi Freitas (Podemos).
E a influência política do sobrenome do relator da CPI da Covid pode ser medida pelo dos últimos titulares da gestão da cidade, situada na Zona da Mata, já administrada pelo atual ministro dos Transportes do governo Lula (e senador licenciado) e da qual Renan Filho saiu para ser governador, se reeleger, eleger o sucessor – por duas vezes –, suceder e ser sucedido por familiares: depois dele o prefeito foi Olavo Netto (prenome que vem do pai do senador “Renan pai” e nomeia seu irmão que foi deputado federal e estadual) e hoje, o vice-prefeito é Remi Filho, também prenome que vem de outro irmão do ex-ministro da Justiça.
O pai é deputado estadual, substituindo Olavo no Legislativo estadual – e Remi Filho é virtual candidato à Prefeitura, pelo grupo, em outubro.
Caubi Freitas é aliado de Cunha, foi vereador por dois mandatos e por duas vezes, também, disputou a prefeitura.
O peso eleitoral de seu nome está na forma como, em conversas nos corredores da Assembleia Legislativa (que concentra as diretrizes para as eleições deste ano), é citado um aspecto decisivo no meio político: números.
Por mais de uma vez, pessoa interpelada pela reportagem citou que na última eleição, em 2020, Caubi Freitas teve 47% dos votos.
Outro fator: na primeira vez em que disputou, teve 5 mil votos – significativo num eleitorado deste porte.
Em 2020, da vez mais recente que disputou, foi o escolhido por 6.248 eleitores muricienses.
“Perdeu por quinhentos votos”, citou a pessoa abordada pelo blog, num tom que destaca o quanto a disputa foi acirrada.
Outro detalhe importante – que para políticos não passa despercebido: a citação não vem de aliados nem de filiados ao partido de Freitas.
O curioso, porém, é que mesmo com essas credenciais, o pré-candidato está tendo que – digamos – pacificar a aceitação ao próprio nome na oposição, que, além dele, tem Eduardo Oliveira, aliado de Lira para a disputa.
Sondagem feita em novembro, que o blog apurou ter sido feita por um aliado, também da Assembleia Legislativa, colocou Freitas com um ponto percentual a mais que Oliveira; o que levou as lideranças políticas do grupo a proporem mais prospecções sucessivas junto ao eleitorado.
A proposta não foi aceita: “vocês vão fazer pesquisas até ele ultrapassar”, teria desabafado Freitas, referindo-se a Oliveira.
Consolidado o nome, o passo seguinte passou a ser a busca pela companhia de palanque, uma vez que a companheira de chapa da eleição anterior, então liderança do PSDB, a advogada Maria Tavares (candidata a deputada federal em 2022 e suplente da vereadora Teca Nelma em Maceió), declinou.
O nome escolhido foi o da professora Luciene Pessoa, também do Podemos.
A movimentação de Lira arrefeceu no período recente, mas, é certo que ele deverá retomar a disputa, com o apoio a seu candidato.