O policial civil Eudson Matos, acusado de envolvimento na morte do empresário Kleber Malaquias, foi transferido de Maceió para um presídio federal não informado.
A decisão foi da juíza Eliana Acioly Machado e cumprida neste sábado (26) pela Polícia Federal.
Eudson Oliveira de Matos foi preso em setembro. À época do crime ele estava cedido para a Assembleia Legislativa Estadual (ALE).
A medida para a transferência foi decidida no começo de outubro e seguia em segredo de Justiça para garantir a segurança dos policiais federais que efetivariam a decisão e do próprio acusado.
Segundo a juíza, a transferência seria a única solução que atende não só a interesses estatais, como também a que é capaz de garantir ao custodiado sua integridade física.
“Diante das informações prestadas pelo próprio Coordenador da Central de Flagrantes, no sentido de que a permanência dos policiais civis no Sistema Alagoano os coloca em risco”.
“A decisão atende o que determina a Lei Estadual nº 3.437/75, que prevê a forma como policiais civis devem ser custodiados”, relata um trecho da decisão.
Kleber Malaquias foi assassinado no dia 15 de julho de 2020.
Eudes foi preso preventivamente por determinação do juízo da 3ª Vara de Rio Largo e, desde então, ficou custodiado na Central de Flagrantes da Capital, “local completamente inapropriado e incapaz de garantir a integridade física dele”, segundo descreveu a juíza em sua decisão.
A juíza Eliana Acioly Machado retirou, neste domingo (27), o sigilo da decisão a fim de “garantir a imediata efetivação dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa deferidos” ao réu.
Relatório da PF mostrou troca de mensagens de Eudson com delegado
Um relatório preparado pela Polícia Federal e divulgado pela imprensa, mostrou a troca de mensagens entre um delegado da Polícia Civil com Eudson Matos.
Para o Ministério Público, as conversas de texto comprovam que o delegado teria forjado provas no inquérito que investiga o assassinato.
O delegado chegou a ser preso de forma preventiva por envolvimento no caso e solto mediante habeas corpus.
Ele é acusado de prejudicar as investigações.
Com a prisão do delegado, o julgamento de três acusados de terem envolvimento na morte do empresário Kleber Malaquias foi adiado.
O júri estava previsto para acontecer em setembro foi adiado para 17 de fevereiro de 2025.
Sargento da PM também foi preso
No final de setembro, um sargento da Polícia Militar foi preso por forjar provas no caso.
A Justiça acatou o pedido do Ministério Público Estadual (MP-AL) para emitir um mandado de prisão preventiva contra o sargento.
A fraude processual que levou à prisão do militar foi a mesma que resultou na prisão do delegado da Polícia Civil.
Segundo o MP-AL, o sargento, o policial civil e o delegado, que era o responsável pelo inquérito, criaram uma farsa para interferir no julgamento do caso.
Eles forjaram provas para incriminar o policial militar Alessandro Fábio da Silva, que foi morto pela esposa em 2022.
O intuito era colocar o PM falecido como o verdadeiro autor da morte de Malaquias e, dessa forma, livrar os verdadeiros assassinos.
Crime teve motivação política
Kleber Malaquias era conhecido como ‘Bode Rouco’ e publicava vídeos nas redes sociais com as denúncias.
Ele foi assassinado dentro de um bar, em Rio Largo, na tarde de 15 de julho, dia do seu aniversário.
A execução foi arquitetada pelos envolvidos, que atraíram Kleber Malaquias até o Bar da Buchada para realizar o assassinato.
A polícia acredita que a morte tenha tido motivação política e se trata de um crime de mando.
Ele chegou a testemunhar contra o desembargador Washington Luiz no processo da tentativa de homicídio contra o juiz Marcelo Tadeu.