O desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), destituiu nesta quinta-feira (15) Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF.
Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade, foi nomeado interventor e deve convocar novas eleições o quanto antes, segundo a decisão judicial.
Questionado sobre a contratação do técnico italiano Carlo Ancelotti, Sarney disse que não vai mexer no que já foi anunciado.
“Sou apenas transitório”, afirmou.
A destituição foi motivada pela suspeita de falsificação de uma assinatura no acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que manteve Ednaldo no cargo, no começo do ano.
A assinatura contestada é de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, ex-presidente interino da CBF.
Uma perícia apontou indícios de fraude.
“Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela corte superior, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários, conhecido por Coronel Nunes”, escreveu o desembargador em sua decisão.
Minutos antes de ser afastado, Ednaldo disse estar tranquilo:
“Quem faz as coisas corretas não tem o que temer. É acreditar nos posicionamentos e acreditar na Justiça.”
Assinatura sob suspeita e eleição contestada
O ministro Gilmar Mendes, do STF, encaminhou o caso à Justiça do RJ.
Embora tenha negado pedidos para afastar Ednaldo, ele determinou a “apuração imediata e urgente dos fatos narrados nas petições”.
Os pedidos ao STF foram feitos pela deputada Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) e por Fernando Sarney, alegando falsificação de assinatura.
O acordo, firmado por cinco dirigentes no começo do ano, encerrou uma ação que contestava a eleição realizada em 2022, vencida por Ednaldo.
Esse mandato iria até 2026.
Na decisão desta quinta, o desembargador Zéfiro afirma que “a capacidade mental do Coronel está em dúvida desde 2018, quando foi diagnosticado como portador de câncer no cérebro”.
O desembargador pretendia ouvir o Coronel Nunes na segunda-feira (12), mas ele não compareceu por razões de saúde, segundo o advogado.
É a segunda vez que o TJ do RJ afasta Ednaldo.
A primeira foi em dezembro de 2023, mas ele retornou um mês depois por decisão de Gilmar Mendes.
Ednaldo chegou ao comando da CBF de forma interina em 2021, após o afastamento de Rogério Caboclo por denúncias de assédio sexual.
Em 2022, foi efetivado no cargo após vencer uma eleição em que era candidato único. Neste ano, foi reeleito com o apoio unânime de todas as federações estaduais e dos clubes das séries A e B para um mandato de 2026 a 2030.
Ednaldo cai após anunciar contratação de Ancelotti
Nesta semana, Ednaldo anunciou a contratação o italiano Carlo Ancelotti como novo técnico da seleção brasileira.
Pressionado, o então presidente da CBF se antecipou ao Real Madrid, que ainda não oficializou a saída do técnico.
Numa tentativa de buscar apoio, Ednaldo se reuniu na terça-feira (13) com presidentes de federações estaduais na sede da CBF, no Rio.
O jurídico da entidade garantiu ter segurança de que Ednaldo não cairia. Mas avisaram que, em caso de decisão desfavorável no TJ, confiavam em uma reversão no STF.
G1 — com informações do GE