O técnico português Hugo Duarte, do time feminino do JC Futebol Clube (AM), foi preso em flagrante em Salvador (BA) na noite desta segunda-feira (8).
Ele é acusado pela jogadora Suelen, do Bahia, de injúria racial.
O episódio ocorreu após a partida entre as equipes, pelas quartas de final da Série A2 do Campeonato Brasileiro Feminino, no estádio de Pituaçu.
As Mulheres de Aço empataram com a equipe do Amazonas em 0 a 0 e garantiram vaga na elite de 2025.
Em publicação em sua conta no Instagram, Suelen relata que Hugo a chamou de “macaca”.
O ato teria desencadeado uma confusão generalizada no campo, que foi flagrada pelas câmeras da TV Bahêa, no YouTube.
A Polícia Militar da Bahia (PMBA) conduziu o acusado para a Central de Flagrantes da 1ª Delegacia para realização de boletim de ocorrência. Lá, ele foi detido, confirmou a Polícia Civil, e, até a publicação desta matéria, segue dessa forma.
“A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista “macaca” tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista”, escreveu a atleta, nas redes sociais.
Veja a nota da Polícia Civil
“O homem suspeito de injúria racial contra uma jogadora do Bahia foi conduzido para a Central de Flagrantes por uma equipe do Batalhão Especializado de Policiamento em Eventos (BEPE), sendo autuado em flagrante na noite de segunda-feira (8), ficando à disposição da Justiça. A vítima acusa o treinador do JC do Amazonas de chamá-la de ‘macaca’, durante uma confusão no término da partida de futebol, ocorrida em Pituaçu”.
O que diz a súmula
A árbitra da partida, Jady Jesus Caldas (FEM/BA), relatou o caso na súmula. Confira:
“Ao final da partida, houve um confronto generalizado dentro de campo sendo necessário a intervenção policial. Foi relatada à equipe de arbitragem e ao policiamento pela jogadora número 77, Suelen dos Santos da Silva, do Esporte Clube Bahia, que o técnico do JC Futebol Clube, sr. Hugo Miguel Duarte Macedo, teria deferido as seguintes palavras com dedo em riste para a mesma: “- sua macaca, sua macaca”, tentando agredi-la fisicamente também.
Outros membros da comissão técnica e jogadoras do Esporte Clube Bahia confirmaram a versão da atleta e teria sido esse o motivo do início da confusão generalizada.
Deixando claro que a equipe de arbitragem não conseguiu presenciar a ofensa.
A equipe de arbitragem só saiu de campo após as duas equipes terem ido para o vestiário.
O policiamento foi acionado pelo Esporte Clube Bahia, que conduziu o técnico e a jogadora acima citados e testemunhas para a delegacia”.
Bahia se posiciona
O Esporte Clube Bahia emitiu uma nota de repúdio sobre o ocorrido e destacou que o diretor de Operações e Relações Institucionais, Vitor Ferraz, acompanhou a atleta à delegacia ao lado de um advogado criminalista que assessora o Esquadrão. Outras jogadoras e funcionários se apresentaram como testemunha.
Confira:
“O que deveria ser uma noite apenas de comemoração pelo acesso das Mulheres de Aço à elite do futebol brasileiro acabou manchada por episódio lamentável no estádio de Pituaçu.
Ao final da partida, a zagueira tricolor Suelen foi alvo de ofensa racial praticada pelo treinador da equipe adversária no gramado.
Acionada, a Polícia Militar conduziu o acusado à Central de Flagrantes da 1ª Delegacia para realização de boletim de ocorrência.
O Diretor de Operações e Relações Institucionais, Vitor Ferraz, acompanha a atleta juntamente com advogado criminalista que assessora o clube, além de outras jogadoras e funcionários que se apresentaram como testemunha.
O Esporte Clube Bahia SAF manifesta toda solidariedade a Suelen ao tempo em que cobra resposta à altura da gravidade do assunto, reiterando compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação”.
Nuno Krause