Um dos fatores que pesou nas eleições de 2022 foi o Orçamento secreto.
Comandado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), o banho de verbas públicas nos municípios é apontado como um dos fatores decisivos nas eleições – pelo país e, em particular, em Alagoas, principal reduto de Lira.
Mas, haverá de indagar – de modo bem pertinente, aliás – a leitora ou leitor mais atento que se tratava de uma eleição geral, não municipal, como será no ano que chega segunda-feira (1º).
Mas, assim como os caciques – detentores dos cargos que foram decididos em 2022 – definem, ou mesmo decidem, as eleições municipais, para que estes alcancem os cargos precisam dos prefeitos.
Daí o fator prefeitos – e o que receberam – em 2022.
Quem não haverá de lembrar da farra dos kits de robótica para escolas que nem conexão com Internet possuíam, procedimentos e instrumental de saúde para cidades em volume superior ao da população e implementos agrícolas para políticos fiéis – e só eles.
Agora, para se reeleger ou eleger o aliado, vai caber aos próprios prefeitos demonstrar o que foi feito – ou não – com o dinheiro daquele período e com o do Orçamento executado em 2023, definido ainda numa conjuntura diferente, mas, cumprido na do governo atual, que teve, em especial, com Lira, uma postura bem diferente da de refém do governo Bolsonaro.
Como revelado pela página, há coisa de uns dois meses, é difícil se assumir bolsonarista no interior de Alagoas.
Ao contrário de Maceió, que não se envergonha de arrotar o quanto é reacionária para todo o país.
Vide do título de cidadão a Bolsonaro, ainda sob a memória da pandemia, à lei recente para impor a tortura psicológica a quem passar por procedimentos de aborto previstos em lei – que virou notícia em âmbito nacional.
Já no restante do Estado, a conjuntura é diferente: uma das exigências para siglas como o PL, por exemplo, ceder a legenda a pretendentes a prefeituras é tornar-se bolsonarista “desde criancinha”.
É o ponto que atravessa a pretensão de muita gente.
Ainda assim, estará longe de ser um pleito de mais lisura e transparência.
E ao contrário das eleições gerais, são as eleições municipais que dão mais trabalho para as autoridades.
Na ausência de fator predominante que deva ser decisivo, para se cravar como previsão, um já pode ser anotado: com o tanto que estará em jogo em 2026, o pleito de 2024 deve ser a eleição municipal a sofrer mais influência da eleição geral que a sucede.