Mortes de mãe e bebê teriam sido negligência de hospital, diz família

Mortes após parto em Arapiraca serão alvo de inquérito para apurar circunstâncias do procedimento cirúrgico
Daniele: ela e a filha morreram após o parto; família diz que não houve problemas durante a gestação e Polícia Civil de Alagoas iniciou uma investigação para apurar as circunstâncias das mortes – objetivo é identificar se houve falha ou negligência médica durante o procedimento cirúrgico. (Foto: reprodução)

A família de Daniele, de 36 anos, e da bebê dela que morreram após um parto realizado no Hospital Regional de Arapiraca, no Agreste de Alagoas, denunciam descaso no atendimento médico.

“Uma prima de Daniele disse que a neném nasceu com o cordão umbilical enrolado no pescoço, roxa e não chorou.

A Polícia Civil investiga o caso.

“Na terceira contração, a Dani fez bastante força e a bebê nasceu”, explicou Vitória Cristina, prima de Daniele.

“Quando a bebê nasceu, ela [a enfermeira] pegou a bebê e eu vi”.

“A bebê estava com um cordão umbilical, assim, no pescoço”, relatou.

“Ela pegou a bebê, pôs em cima da Dani”.

“A Dani já estava aérea; eu acho que a Dani nem viu a menina”.

“E quando ela pôs a menina em cima da Dani, que eu ia pegar o celular, ela falou que não podia tirar foto”.

“Levou a bebê para dentro e foi dar assistência a ela”.

Vitória relatou ainda que após as complicações do parto, que aconteceu na quarta-feira (30), Daniele passou mal.

A familiar explicou também que, apesar disso, ela só foi transferida para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) horas depois.

A irmã de Daniele disse que ela estava “amando a gravidez” e que não teve nenhum problema durante o pré-natal.

“Ela tinha comprado tudo, as fraldas, fizeram chá de fralda, as roupas, ganhou o berço, comprou cômoda; o quarto estava bem decorado, esperando por ela, porque era a primeira filha”, disse Eliane Cristina.

À reportagem da TV Gazeta (responsável por este material), o Hospital Regional de Arapiraca informou que o caso é extremamente complexo e envolveu vários problemas como pré-eclâmpsia grave e ruptura de hematoma no fígado, o que causou uma hemorragia irreversível.

O hospital afirmou ainda que lamenta o caso e que não houve negligência, mas sim uma sucessão de complicações graves e raras.

Investigação

Polícia Civil de Alagoas iniciou uma investigação para apurar as circunstâncias das mortes.

De acordo com o delegado Matheus Enrique, responsável pelo caso, as investigações começaram logo após o conhecimento do fato, com o objetivo de identificar se houve falha ou negligência médica durante o procedimento cirúrgico.

“Ao tomarmos conhecimento acerca da morte de uma mulher de 36 anos e seu bebê durante o trabalho de parto em um hospital aqui na cidade de Arapiraca, iniciamos imediatamente as investigações para apurar as circunstâncias desse fato e uma possível negligência médica que tenha ocorrido durante esse procedimento cirúrgico”, afirmou o delegado.

O delegado destacou que o inquérito policial será instaurado e conduzido com base nos depoimentos e laudos periciais, além de outras informações que, segundo ele, permanecerão em sigilo neste momento para não comprometer o andamento da investigação.

A Polícia Civil deve ouvir outros profissionais de saúde envolvidos no procedimento e aguarda a conclusão de exames periciais para esclarecer as causas da morte da paciente e da criança.

G1 / AL e TV Gazeta

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