Esfaqueada mais de vinte vezes, aponta laudo de IML

Flávia Carneiro, mulher achada morta em geladeira ainda tentou se defender; filha adolescente participou do crime
Necropsia no corpo de Flávia dos Santos Carneiro constatou cortes nos dedos causados por lâmina da faca; filha adolescente foi apreendida e confessou que mãe foi morta por não aceitar namoro dela com homem de 22 anos; ele e o pai dele foram presos pelo crime. (Foto: reprodução)

O laudo do Instituto Médico Legal (IML), divulgado nesta quarta-feira (6), apontou que a mulher achada morta dentro de uma geladeira em Maceió tentou se defender das facadas dadas pelo namorado da filha.

A necropsia no corpo de Flávia dos Santos Carneiro, de 43 anos, constatou que ela recebeu mais de 20 facadas, sendo a maioria no pescoço.

O exame apontou que o corpo da vítima tinha ferimentos nos dedos da mão e arranhões no braço, o que demonstra, segundo os peritos, que ela tentou segurar a lâmina da faca para se defender.

O corpo da vítima foi liberado para sepultamento.

“Esses tipos de lesões são características de tentativa de defesa da vítima”, explicou o perito médico legista, Luiz Mansur.

Segundo a Polícia Civil, a mulher foi morta porque não aceitava o relacionamento da filha, de 13 anos, com um homem de 22 anos.

O casal pretendia morar junto e estava montando uma casa no Benedito Bentes.

O crime aconteceu na sexta-feira (1º), no Jacintinho, após uma discussão entre os três por causa da mudança.

A filha de Flávia foi apreendida na terça-feira (05) por participação no crime.

Em depoimento, ela contou que segurou a mãe pelos braços para que o namorado a esfaqueasse.

Durante o depoimento, a adolescente contou que após o assassinato o casal limpou a cena do crime e depois foi dormir na casa que eles estavam mobiliando.

Enquanto isso, o corpo da vítima foi mantido na geladeira por quatro dias na casa em que ela foi assassinada.

O namorado da adolescente foi preso e confessou que assassinou a sogra.

O pai dele também foi preso, mas como cúmplice na ocultação do cadáver.

Segundo o delegado Thiago Prado, a justiça manteve a prisão do jovem e do pai dele em audiência de custódia ocorrida nesta quarta-feira (06).

Filha tentou se passar pela mãe morta

Segundo a polícia, a adolescente também admitiu em depoimento à polícia que usou o celular da mãe para tranquilizar familiares e colegas de trabalho dela, para que não desconfiassem do crime.

O delegado Thiago Prado disse que a menina enviou várias mensagens através do WhatsApp para pessoas conhecidas da mãe.

“Ela disse lá no local de trabalho da Flávia que não iria trabalhar porque estava se sentindo mal e estava de atestado médico”, relatou o delegado.

“De modo que nem os colegas de trabalho, nem familiares, nem amigos sentiram a falta da Flávia”.

“Acharam, portanto, que era justificável o fato de ela não estar aparecendo, quando na realidade tudo era feito pela própria filha”, disse Prado.

O delegado falou ainda que o namorado é usuário de drogas e esse era um dos motivos para que a mãe rejeitasse o relacionamento.

As brigas eram constantes e o último conflito entre mãe e genro aconteceu no carnaval, quando Flávia o proibiu de entrar na casa dela.

Ocultação do cadáver

O corpo de Flávia só foi descoberto na manhã de terça (05), depois que um homem que trabalha com serviço de frete foi contratado para levar uma geladeira lacrada com fita adesiva.

O motorista do frete disse à polícia que tinha sido chamado antes para levar os móveis para a casa do casal no Benedito Bentes, e retornou no dia seguinte para pegar a geladeira no Jacintinho e levar para outro endereço no mesmo bairro para onde o casal estava se mudando.

Esse segundo frete foi acompanhado pelo pai do suspeito, que segundo o motorista, simulou que tentava procurar o suposto destino da geladeira e, depois de um tempo, desistiu e orientou o motorista que jogasse o eletrodoméstico fora, em uma área de mata.

O motorista fez o descarte em Guaxuma, mas desconfiou porque a geladeira estava seminova e lacrada com fita adesiva, então acionou a polícia. Quando os policiais chegaram, abriram a geladeira e viram que havia o corpo de uma mulher enrolado em um lençol.

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