Editora Matriz lança clássicos de Lêdo Ivo para crianças

Em seu primeiro lançamento, evento com 21 escritores e nove ilustradores apresentarão os primeiros 26 títulos do catálogo
Ledo Ivo e capa de “A História da Tartaruga” (assim como “O Rato da Sacristia”, ilustradas pelo artista visual Pedro Lucena): novas edições serão apresentadas ao público leitor alagoano em evento literário gratuito, dia 18, no Armazém Uzina. (Foto: reprodução / divulgação)

Começou a contagem regressiva para a grande noite de estreia da Editora Matriz.

No seu primeiro lançamento de livros, programado para o dia 18 de março, no Armazém Uzina, a empresa vai realizar um evento de peso que reunirá 21 escritores e nove ilustradores que apresentarão os primeiros 26 títulos de seu catálogo.

Além da sessão de autógrafos coletiva dos artistas, a Matriz está preparando uma homenagem especial para o escritor alagoano Lêdo Ivo, com a exibição de um minidocumentário sobre sua vida e obra e o lançamento de dois clássicos infantis de sua autoria: A História da Tartaruga e O Rato da Sacristia, ambos ilustrados pelo artista visual Pedro Lucena.

“Queríamos dar a nossa contribuição para o calendário comemorativo do centenário de nascimento de Lêdo Ivo. Para manter viva a sua memória, decidimos publicar toda sua obra literária voltada às crianças e aos adolescentes.

Esperamos que esses livros sejam os primeiros Lêdos Ivos dos jovens leitores de Alagoas”, afirma Patrycia Monteiro Rizzotto, publisher e sócia da Editora Matriz.

Segundo ela, em novembro, durante a Bienal do Livro de Alagoas, serão lançados ainda O Menino da Noite e O Canário Azul, dois livros infanto-juvenis do autor, além do livro de contos Um domingo perdido, voltado para o público em geral.

Em A História da Tartaruga, Lêdo Ivo apresenta uma das personagens mais recorrentes das fábulas clássicas da literatura ocidental e, também, mais populares do imaginário infantil: a tartaruga.

Narrado em versos, o enredo repleto de magia e senso de humor descreve as principais características desse bichinho, ressignificando suas qualidades e explorando sua simbologia.

Com muita irreverência, em O Rato da Sacristia, Ivo nos apresenta uma pará-bola poética que aborda de maneira lúdica a necessidade de se colocar regras e limites na infância.

Na historinha, o inocente ratinho testa a paciência de padres e sacristãos, roendo tudo o que vê pela frente, cometendo sucessivos sacrilégios. E nenhuma medida parece contê-lo, a não ser a intervenção divina…

Um alagoano imortal

Autor de uma obra ampla e diversificada, Lêdo Ivo é um dos escritores mais importantes da história da literatura brasileira.

Nascido em Maceió no dia 18 de fevereiro de 1924, era filho do advogado Floriano Ivo e de Eurídice Plácido de Araújo Ivo.

Foi casado com Maria Lêda Sarmento de Medeiros Ivo (1923-2004), com quem teve três filhos: Patrícia, Maria da Graça e Gonçalo.

Leitor voraz desde a tenra idade, Ivo fez os cursos primário e secundário na capital alagoana e sempre foi um aluno exemplar.

Em 1940, aos 16 anos, mudou-se para o Recife, onde expandiu seu universo intelectual ao integrar um movimento artístico liderado pelo poeta Willy Levin e pelo pintor Vicente do Rêgo Monteiro.

“A minha predisposição para escrever poemas surgiu na adolescência, na épo-ca das primeiras leituras e descobertas”.

“Eu me via diante de um universo que reclamava uma celebração”.

“A ele confiei a minha singularidade, a minha expressão”.

“Assim, desde o início a poesia se impôs a mim como uma linguagem especial dentro da linguagem geral — uma linguagem tornada arte, e dotada ao mesmo tempo de som e signo, música e significação”.

“Eu aspirava a criar uma magia que me permitisse ser e existir no mundo dos homens”, afirmou Lêdo Ivo.

Foi na capital pernambucana onde cravou seus primeiros passos no jornalismo.

Nessa época conheceu o poeta João Cabral de Melo Neto, de quem se tornou um grande amigo.

Colaborou com a revista Renovação e participou de um congresso de poesia que ganhou repercussão nacional.

Sua participação nesse movimento artístico abriu-lhe portas no Rio de Janeiro, onde se radicou em 1943 e foi prontamente acolhido por um grupo literário formado por Graciliano Ramos, Jorge de Lima, José Lins do Rego e Manuel Bandeira.

Matriculou-se na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, pela qual se formou.

Mas, contrariando as expectativas de seu pai, Lêdo Ivo nunca exerceu a advocacia.

Em terras fluminenses, mergulhou de cabeça no mundo das letras, passando a colaborar regularmente em diversos suplementos literários e a trabalhar na imprensa carioca como jornalista profissional.

Foi redator da Tribuna da Imprensa e da revista Manchete, colaborador de O Estado de São Paulo e editorialista do Correio da Manhã.

Para os críticos e historiadores, Lêdo Ivo fez parte da terceira geração do Modernismo, cujas principais características eram a preocupação com a linguagem e a inclinação pela temática realista, engajada e crítica.

Seu primeiro livro de poesias, As imaginações, foi lançado em 1944, dando início a um ciclo de intensa produção poética, seguido por Ode e elegia, de 1945 — com o qual foi contemplado com o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras —, e Ode ao crepúsculo, em 1946. Publicou 25 obras poéticas, além de participar de diversas antologias.

Seu primeiro romance, As alianças, foi publicado em 1947, mas foi com Ninho de cobras, de 1973, traduzido para várias línguas, que Lêdo Ivo conquistou notoriedade como romancista.

Quinto ocupante da Cadeira nº 10 da Academia Brasileira de Letras, foi eleito em 13 de novembro 1986, na sucessão de Orígenes Lessa.

Nos anos subsequentes, sua obra literária avolumou-se com a publicação de livros de poesias, romances, contos, crônicas e ensaios, conquistando diversos prêmios literários, entre eles, o Jabuti, por Finisterra, de 1972; o Walmap, por Ninho de Cobras; e o da Fundação Graça Aranha, por As Alianças.

Lêdo Ivo era um autor criativo, disciplinado, bem-humorado e mordaz. Viveu intensamente sua vocação para a arte literária, tornando-se um dos escritores mais férteis da literatura brasileira e um de seus maiores especialistas.

Sua morte em Sevilha, no ano de 2012, deixou uma lacuna entre os amantes da poesia.

Mas, como diria o próprio Lêdo Ivo: “O que sobra é a obra. O resto soçobra”.

Resta-nos agora imortalizar seus escritos com a leitura e a releitura de seus livros e a publicação de novas edições de seu legado literário.

SERVIÇO

O quê: Estreia da Matriz

Onde: Armazém Uzina — Endereço: Avenida Industrial Cícero Toledo, 333, Jaraguá. Maceió.

Quando: 18 de março, a partir das 18h30.

Como: gratuito e aberto ao público.

Para participar é indispensável a inclusão do nome na lista virtual de convidados: www.editoramatriz.com.br.

Mais informações: Patrycia Monteiro Rizzotto – 82 98731-7017.

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