Um relatório preparado pela Polícia Federal mostra a troca de mensagens entre o delegado da Polícia Civil de Alagoas preso nesta quarta-feira (18) e um policial civil suspeito de participação na morte do empresário Kleber Malaquias.
Para o Ministério Público, as conversas de texto comprovam que o delegado teria forjado provas no inquérito que investiga o assassinato.
O MP-AL pediu a prisão preventiva e ofereceu denúncia contra o delegado, que passa a ser acusado no processo.
A TV Gazeta (corresponsável por esta reportagem) teve acesso aos prints das mensagens. As primeiras mostram a relação de proximidade entre os dois.
O delegado o chama de “meu amigo” e mostra um pernil já assado que teria sido entregue pelo policial.
Em outra mensagem, o policial civil convida o delegado para almoçar, o que é aceito.
Em outra sequência de mensagens o delegado envia fotos com um depoimento ligado ao caso para o policial que é investigado no mesmo inquérito.
O policial responde se colocando à disposição do delegado para conseguir pernil de carneiro.
Outro print mostra quando o delegado pede para que o policial ligue para ele e envia uma figurinha com a sigla: “tamo junto”.
Na conclusão do relatório sobre a conduta do delegado, a Polícia Federal destaca o fato de que ele ao invés de comunicar os depoimentos aos outros órgãos de Justiça, comunicou na verdade para um dos suspeitos do crime.
A PF reforça no relatório que era impossível o delegado não saber que o policial civil era investigado no caso em que ele era responsável pela investigação.
O delegado teve a prisão preventiva decretada.
Ele passou por audiência de custódia e a prisão foi mantida.
Com isso, ele fica preso por tempo indeterminado.
Com a prisão dele, o julgamento de três acusados de terem envolvimento na morte do empresário Kleber Malaquias foi adiado.
O júri estava previsto para acontecer na quinta-feira (19) e foi adiado para 17 de fevereiro de 2025.
A pedido do Ministério Público, a juíza também autorizou busca e apreensão em três endereços do delegado.
Também foi autorizada a quebra de sigilo telefônico no aparelho celular referente aos últimos cinco anos e os acesso dele ao sistema de internet banking no aparelho.
A reportagem do G1 AL não conseguiu contato com o advogado do delegado.
Ao G1, o Sindicato dos delegados de Polícia de Alagoas (Sindpol) manifestou indignação pela prisão.
MP diz que objetivo era fraudar provas
O MP-AL informou que, segundo denúncia do agente da Polícia Civil Eudson Oliveira de Matos, preso no dia 2 de envolvimento na morte de Kleber Malaquias, o delegado estaria escondendo provas que apontariam o verdadeiro mandante do crime.
Era com ele que o delegado trocava as mensagens mencionadas acima.
O delegado preso é diretor de Polícia Judiciária da Região Metropolitana (DPJ1) e coordena a Delegacia de Repressão ao Narcotráfico.
O promotor de Justiça Kleber Valadares explicou que “ele fraudou provas relacionando uma pessoa já morta, que não pode se defender, como autora do crime que vitimou Kleber Malaquias”.
“O que se identificou a partir da investigação é que essa pessoa nada teve a ver com o crime”, enfatizou o representante do MP.
“Pelo contrário, o que se buscou foi isentar os demais réus da prática delitiva”.
Após a denúncia, o delegado teve o sigilo telefônico quebrado e a PF obteve conversas que apontariam que o delegado teria forjado as provas, em troca de favores, para incriminar o policial militar Alessandro Fábio da Silva, de 53 anos, que foi morto a tiros pela companheira, e livrar os verdadeiros culpados.
MP se manifesta
O Ministério Público de Alagoas (MP-AL) se manifestou, confirmando que o delegado da Polícia Civil de Alagoas preso pela Polícia Federal teria forjado provas no inquérito que investiga a morte do empresário Kléber Malaquias para incriminar um policial militar assassinado pela esposa em 2022.
O delegado é diretor de Polícia Judiciária da Região Metropolitana (DPJ1) e coordena a Delegacia de Repressão ao Narcotráfico.
O MP-AL pediu a prisão preventiva e ofereceu denúncia contra o delegado, tornando-o réu no processo.
A reportagem do G1 AL não conseguiu contato com o advogado do delegado.
O MP-AL informou que, segundo denúncia do agente da Polícia Civil Eudson Oliveira de Matos, preso no dia 2 de por envolvimento na morte de Kleber Malaquias, o delegado estaria escondendo provas que apontariam o verdadeiro mandante do crime.
Após a denúncia, o delegado teve o sigilo telefônico quebrado e obteve conversas que apontariam que o delegado forjou as provas, em troca de favores, para incriminar o policial militar Alessandro Fábio da Silva, de 53 anos, que foi morto a tiros pela companheira, e livrar os verdadeiros culpados.
“Em operação do Ministério Público do Estado e da Polícia Federal, foi preso o delegado de Polícia Civil (PC), o qual fraudou provas relacionando uma pessoa já morta, que não pode se defender, como autora do crime que vitimou Kleber Malaquias”, afirmou o promotor de Justiça Kleber Valadares.
“O que se identificou a partir da investigação é que essa pessoa nada teve a ver com o crime”, enfatizou.
“Pelo contrário, o que se buscou foi isentar os demais réus da prática delitiva”, concluiu.
Ao G1 AL, o Sindicato dos delegados de Polícia de Alagoas (Sindpol) manifestou indignação pela prisão do delegado (confira a nota abaixo).
O delegado teve prisão preventiva decretada pelos crimes de fraude processual, revelação de sigilo funcional e abuso de autoridade.
Por meio de nota, o Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas disse que acredita na reputação e honestidade do delegado e que vai ainda acompanhar a situação.
“Elas mostraram uma conspiração conduzida pela autoridade policial para incriminar falsamente uma pessoa já assassinada, tudo com o intuito de proteger os verdadeiros autores do crime, em um provável conluio com os investigados, aplicando um verdadeiro golpe à Justiça, inesperado de qualquer autoridade pública, especialmente de um delegado de polícia”, detalharam os promotores.
Julgamento adiado
O Ministério Público de Alagoas informou que o julgamento de três acusados de terem envolvimento na morte do empresário Kleber Malaquias foi adiado.
“Infelizmente, no decorrer do julgamento pelo homicídio de Kleber Malaquias, conduzido perante o Tribunal do Júri, ficou evidente, por ação da defesa dos réus, que respeitáveis instituições foram instrumentalizadas por criminosos para fins ilícitos”.
“A prisão deste delegado de alto escalão da Polícia Civil de Alagoas ocorreu após a custódia preventiva e a denúncia de um agente de polícia civil, também envolvido no crime, o qual representa o elo central para a identificação dos mandantes do homicídio”, informaram Lídia Malta e Kleber Valadares.
Os promotores ainda destacaram que os atos criminosos de alguns indivíduos não definem o valor e a importância das instituições perante a sociedade alagoana, nem devem gerar desconfiança quanto ao seu funcionamento regular.
A polícia acredita que a morte tenha tido motivação política e se trata de um crime de mando. Ele chegou a testemunhar contra o desembargador Washington Luiz no processo da tentativa de homicídio contra o juiz Marcelo Tadeu.
Nota do Sindpol
As entidades representativas da classe dos Delegados de Polícia Civil de Alagoas, o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado de Alagoas SINDEPOL/AL) e a Associação dos Delegados de Polícia de Alagoas (ADEPOL/AL), vêm a público manifestar profunda preocupação com a prisão preventiva decretada em desfavor do Delegado Daniel José Galvão Mayer, ocorrida na presente data, sob a acusação de Induzir juiz a erro (Art. 347 do Código Penal – Fraude Processual).
O Delegado Daniel José Galvão Mayer é um servidor público de notável integridade e reputação ilibada, com extensa e relevante trajetória na Polícia Civil do Estado de Alagoas. Exerce, com destacada competência e seriedade, a função de Diretor de Polícia Judiciária da Região Metropolitana (DPJ1), acumulando ainda, por meio de incansável dedicação e esforço pessoal, as funções da Delegacia de Repressão ao Narcotráfico.
O Delegado Daniel é amplamente respeitado tanto por seus pares quanto pelas comunidades em que atua, sendo reconhecido por sua dedicação incansável e por prestar relevantes serviços à segurança pública. Ao longo de sua carreira, participou de inúmeras operações policiais de elevada complexidade, enfrentando perigosas organizações criminosas e indivíduos de alta periculosidade, sempre em defesa da ordem pública e da justiça. Como todo servidor policial, arriscou sua própria vida em prol da segurança da sociedade, demonstrando coragem e comprometimento com os valores mais nobres da função policial.
Acreditamos firmemente na inocência do Delegado Daniel Mayer e na sua capacidade de demonstrar que as acusações imputadas a ele são infundadas. As entidades que ora subscrevem esta nota repudiam, com veemência, qualquer ato que implique a violação dos direitos e garantias fundamentais de um servidor público exemplar, como é o caso do Delegado Daniel Mayer.
G1 AL e TV Gazeta