Uma das pacientes enganadas pela mulher que atuou como nutróloga durante 9 anos em Maceió disse em entrevista ao G1/AL (responsável por esta reportagem) que não desconfiou em nenhum momento que ela não tivesse formação em medicina.
Helenedja Rodrigues de Oliveira cobrava R$ 450 por uma consulta particular, mas ainda oferecia desconto para quem tivesse plano de saúde.
A entrevista ao portal foi concedida nesta terça-feira (30).
“Ela nunca deu a entender isso [que era uma falsa médica]. Ela é muito articulada, fala com propriedade”.
“Nunca sonhei que não fosse médica”, relatou.
“Fiquei duas horas conversando com ela”.
“É muito manipuladora”.
“Parece médica, muito convincente”, disse a servidora pública federal Anita Bezerra, de 47 anos.
A Polícia Civil indiciou a falsa nutróloga por exercício ilegal da medicina.
Helenedja prestou depoimento e foi liberada para responder ao processo em liberdade.
O G1/AL não tinha conseguido contato com Helenedja nem com a defesa dela até a última atualização desta reportagem.
Em depoimento à polícia, a falsa nutróloga disse que cursou faculdade de medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), porém, a delegada que investiga o caso entrou em contato com a universidade e foi informada de que não há registros dela como aluna.
O caso chegou à polícia após uma denúncia do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), que constatou que a mulher não tem registro profissional em nenhum Conselho de Medicina do Brasil.
A servidora pública federal contou que procurou a falsa médica após receber uma indicação e que até recebeu uma lista com 26 exames para fazer.
“Eu não tinha nenhuma queixa, mas saúde é meu lema, foi por prevenção mesmo”.
Anita relatou que o primeiro contato foi feito através do WhatsApp onde foi informada sobre o valor da consulta: R$ 450 particular e R$ 290 para quem tinha plano de saúde, que foi o caso dela.
A mensagem de boas-vindas da conversa informava que a falsa médica era especialista em perda de peso para cirurgias, tratamento e prevenção de doenças, exames para avaliação da Saúde Metabólica, análise de Composição Corporal, entre outros.
Anita disse que só soube que se tratava de uma falsa médica depois que a notícia saiu na imprensa. Foi então que ela procurou a Polícia Civil para registrar um Boletim de Ocorrência.
Em depoimento, Helenedja alegou que possui registro profissional, mas não apresentou nenhum documento que comprovasse que poderia atuar como médica.
O consultório em que a falsa médica recebia pacientes foi fechado pela polícia.
Nas redes sociais, a mulher se apresentava como médica nutróloga, com foco em emagrecimento com saúde, emagrecimento pré-cirúrgico, tratamento de obesidade e oncologia metabólica.