A empresária Mariana Maia, que teve o apartamento incendiado no sábado (8) no bairro da Ponta Verde, em Maceió, publicou um vídeo nas redes sociais relatando discussões, murro em para-brisas de carro e término de namoro antes de ter o apartamento coberto pelas chamas.
“Eu não tenho mais casa, não tenho nada”.
“Perdi tudo”.
“Não tenho uma roupa para vestir, uma sandália para calçar”, lamentou.
O namorado dela é suspeito de ter cometido ateado fogo ao local.
Mariana explica que as discussões começaram devido a uma viagem marcada para Itália, onde ela iria comemorar o aniversário da filha. As duas iriam encontrar com a mãe de Mariana, mas os planos foram interrompidos.
“Quando surgiu a ideia dessa viagem, o meu ex-namorado, que é o Marcello, sempre disse que iria”.
Quando chegou na semana da viagem, acho que quarta-feira, mais ou menos, ele afirmou que não iria mais, por motivos pessoais dele”.
“Ele chegou para mim e disse que não iria mais”.
“Daí em diante ele começou a querer me desestabilizar, pra que eu não fosse também querer me desestabilizar emocionalmente, para que eu não viajasse”, conta a mulher.
Após isso, segundo Mariana, as discussões começaram e, na última sexta-feira (7), eles terminaram o relacionamento.
“A gente ficou discutindo, discutindo, chegou uma certa hora que eu terminei o relacionamento com ele”.
“Eu falei: ‘olha, quer saber? Suas coisas que estão aqui na minha casa, tô colocando na mala e tô deixando na portaria da minha casa, pronto’”.
“E parei de responder ele, não respondia mais as mensagens dele, nem as ligações dele, a gente perdeu contato”, diz Mariana.
Soco no para-brisas
Após o término, a mulher saiu com as amigas e acabou encontrando com o ex-namorado.
Nesse momento ela afirma ter pedido a chave de casa e ele ficou debochando dela, dizendo que não estava com ele.
“As minhas amigas pediram para eu ir embora, disse que estava chato, que estava todo mundo olhando a gente discutir, e eu fui embora”.
“Um tempo depois que eu estava em uma casa de shows, eu não sei dizer quanto tempo depois, ele chegou lá”.
“E aí ele chegou e foi em direção a mim”.
“Eu saí de onde eu estava, fui para perto dos seguranças, para que ele não chegasse perto de mim”.
Depois disso, ela conta que o homem voltou truculento e foi retirado do local.
Uma funcionária da casa de shows foi até Mariana e perguntou se o carro dela estava estacionado perto do local.
A mulher disse ainda que o homem que discutiu com ela na casa de show foi o mesmo que esmurrou o carro dela.
“Quando eu saí, o para-brisa do meu carro estava todo quebrado”.
“Realmente estava esmurrado”.
“E eu já estava nervosa, eu disse ao meu amigo, olha, eu quero ir para casa”.
“Meu amigo foi seguindo o meu carro atrás de mim”.
“Quando a gente chegou na rua da minha casa, eu nem consegui chegar perto do meu prédio, porque já estavam todos os moradores na rua, e o carro dos bombeiros”, informa Mariana.

Incêndio e tentativa de feminicídio
Homem é suspeito de tocar fogo em apartamento para ex-namorada não viajar na Ponta Verde
Mariana relembra o momento em que viu o prédio em chamas.
Ela foi avisada pelo irmão que ao incêndio era no apartamento deles.
Ela ficou desesperada e subiu as escadas com direção ao quinto andar, onde morava, mas não conseguiu chegar devido à quantidade de fumaça.
“Até então, não imaginei nunca, não passou pela cabeça que tinha sido ele”.
“Quando eu desci, o porteiro chegou para mim, de canto, e disse ‘olha, o seu namorado esteve aqui, e a mala dele estava aqui na portaria”.
“Ele pegou, mas ele não foi embora. Ele subiu e desceu [as escadas]”.
“Depois que ele foi embora, ‘isso aconteceu’”.
“Foi aí que eu comecei a entender que poderia ter sido ele que fez isso, que ele tinha feito isso [ter dados socos] no meu carro, que a gente tinha brigado, e que ele entrou na minha casa para fazer isso”, desabafa.
Após o incêndio atingir o apartamento e a Polícia Civil começar a investigar o caso.
A delegada Ana Luíza Nogueira, coordenadora das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), afirmou que o caso tinha vários indícios de tentativa de feminicídio e que um boletim de ocorrência foi registrado.
A reportagem do G1 / AL (responsável por esta reportagem) informou ter tentado localizar a defesa do suspeito, mas que não conseguiu.
Início das chamas
Mariana Maia disse ainda que o Corpo de Bombeiros Militar (CBM) realizou uma perícia no local e que um dos bombeiros informou que as chamas tiveram início na mala com o passaporte e as roupas que ela levaria para a viagem à Itália.
“O bombeiro disse que o incêndio começou na mala”.
“E foi aí que a gente começou a suspeitar que poderia ter sido ele para impedir que eu e minha filha viajássemos”.
“E é essa situação que eu me encontro hoje”.
“Tudo que eu estou vestindo aqui é emprestado em amigas”.
“Minha filha também não tem nada; meu irmão também”, lamenta Mariana.
A reportagem do G1 / AL informou ter entrado em contato com a assessoria de comunicação do CBM para confirmar se, de fato, o incêndio teve início na mala de viagem.
Mas, que “até a publicação dessa matéria, não tivemos retorno”.