Volta do X (Twitter) no Brasil repercute na imprensa estrangeira

Veículos em vários países destacaram o recuo de Elon Musk diante das determinações do ministro Alexandre de Moraes
Nos EUA, o jornal The New York Times tratou o tema como uma derrota de Elon Musk; o britânico The Guardian disse que decisão de Moraes foi uma "rendição" de Musk; o alemão Deutsche Welle, que Elon Musk interpretou as decisões de Moraes como uma "rixa pessoal" do ministro, enquanto o periódico francês Le Monde classificou o caso como uma "batalha judicial contra a expansão da desinformação". (Foto: reprodução / The New York Times; reprodução / The Guardian; reprodução / Deutsche Welle; reprodução / Le Monde)

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que determinou nesta terça-feira, 8, o desbloqueio imediato do X (antigo Twitter) foi destaque nos principais jornais do mundo.

Os veículos destacaram o recuo de Elon Musk, dono da plataforma, diante das determinações de Moraes e os impactos econômicos da ausência do mercado brasileiro para a big-tech.

A decisão de Moraes ordenando o desbloqueio imediato do X repercutiu nos principais portais de notícias do mundo, como The New York Times e The Washington Post, nos Estados Unidos; Deutsche Welle, El País, The Guardian, BBC e Le Monde, na Europa; e em periódicos latino-americanos, como o Clarín e o El Tiempo.

Dois dos maiores jornais econômicos do mundo, o Financial Times e o Wall Street Journal, também deram destaque ao caso.

Na maioria dos veículos, o retorno do X foi tratado como um recuo de Musk ante a Justiça brasileira.

A rede social foi suspensa no dia 30 de agosto, após o bilionário se recusar a indicar uma representante legal no País.

O retorno, por sua vez, se deu após a empresa pagar R$ 28,6 milhões em multas por descumprir decisões judiciais e indicar a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição como responsável legal da plataforma no Brasil.

The New York Times (Estados Unidos)

O The New York Times, dos EUA, classificou a decisão do Supremo como uma derrota para Musk.

A reportagem também disse que o embate entre Moraes e o bilionário mostrou que governos nacionais conseguem ter vantagens na queda de braço contra grandes empresas de tecnologia.

The Washington Post (Estados Unidos)

Já p The Washington Post, sediado na capital americana, afirmou que a ordem de Moraes para o retorno do X encerrou “uma disputa de meses sobre os limites da liberdade de expressão em uma era caracterizada por desinformação e polarização”.

The Wall Street Journal (Estados Unidos)

O The Wall Street Journal, também dos EUA, destacou que, para a rede social voltar a funcionar no Brasil, Musk teve que fazer “concessões-chave” para Moraes.

Entre as medidas citadas pelo portal de notícias está o “bloqueio de contas investigadas por espalhar desinformação e discurso de ódio”.

The Guardian (Reino Unido)

O jornal britânico The Guardian declarou que o retorno do X foi uma “rendição” do bilionário celebrada por ativistas pró-democracia brasileiros.

Segundo o veículo, tais personalidades consideraram o recuo de Musk uma “vitória para as instituições e a soberania do País”.

The Financial Times (Reino Unido)

Outro jornal britânico que noticiou a volta da rede social no Brasil foi o The Financial Times.

Voltado para a cobertura econômica global, o veículo destacou que o País é um dos principais mercados de atuação do X.

BBC (Reino Unido)

A rede pública britânica BBC disse em reportagem que, com a inacessibilidade do X, os brasileiros migraram para outras redes sociais, como o BlueSky e o Threads. O jornal disse também que a demanda por serviços de VPN — redes privadas virtuais que permitem contornar bloqueios geográficos e acessar conteúdos restritos — disparou no País.

Le Monde (França)

O jornal Le Monde, o principal da França, relembrou que, após Moraes determinar a suspensão do X em 30 de agosto, Musk se mostrou mais disposto a acatar as decisões judiciais brasileiras.

“Antes, o bilionário acusou repetidamente o magistrado de ‘censura’. Ele o chamou de ‘ditador’ e o comparou a Voldemort, o vilão da saga Harry Potter”, disse o veículo em um trecho da reportagem.

Deutsche Welle (Alemanha)

A rede pública alemã Deutsche Welle considerou que Musk interpretou as decisões impostas por Moraes como uma “rixa pessoal”.

O periódico declarou que antes o X acusava o STF de censura e, após o fim da suspensão, a empresa enfatizou que iria “continuar a defender a liberdade de expressão, dentro dos limites da lei”.

El País (Espanha)

Já o El País, principal jornal da Espanha, salientou que Moraes ordenou o retorno do X após o primeiro turno das eleições municipais.

Segundo o jornal, o magistrado tomou a decisão neste período por prezar pela “integridade” dos pleitos.

O portal de notícias afirma que, mesmo assim, “isso não impediu que notícias falsas se espalhassem rapidamente por outras redes”.

Clarín (Argentina)

O argentino Clarín fez uma cronologia do embate entre Musk e Moraes em uma matéria de destaque na seção de notícias internacionais do periódico.

O jornal enfatizou que, apesar das acusações de censura de Musk contra Moraes, as decisões do ministro foram ratificadas pelos outros membros do STF.

Gabriel de Sousa — Estadão

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