Imagens feitas de dentro e de fora do hospital da Faixa de Gaza atacado nesta segunda-feira (25) por Israel mostram o momento em que jornalistas e equipes de resgate são atingidos por um dos mísseis disparados por forças israelenses.
O ataque em série matou 20 pessoas, entre elas cinco jornalistas, e deixou diversos feridos, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo grupo terrorista Hamas.
O hospital Nasser, o único em funcionamento de Khan Younis, no sul de Gaza, foi atingido com dois mísseis.
Testemunhas disseram à Reuters que houve um intervalo entre os dois ataques: a segunda ofensiva, de acordo com os relatos, ocorreu quando equipes de resgate e jornalistas estavam no local.
Um dos vídeos foi feito de dentro do hospital por um dos jornalistas atingidos.
O profissional registrava o trabalho da equipe de resgate no atendimento a feridos e na retirada de corpos de vítimas do primeiro ataque quando uma nova explosão é registrada.
A imagem é interrompida por uma nuvem de poeira.
No segundo vídeo, um cinegrafista da TV local Alghad filmava, da rua, o local atingido pelo primeiro ataque, segundo a agência de notícias Reuters. (Veja no vídeo acima). As imagens são fortes.
O hospital Nasser é o maior da cidade de Khan Younis, e o único ainda operacional no sul de Gaza, segundo o Ministério da Saúde palestino.
A Defesa Civil de Gaza afirmou que esta foi a 26ª vez que suas equipes são alvos de ataques israelenses durante trabalhos de resgate.
O Exército israelense confirmou o bombardeio e lamentou “qualquer ferimento entre pessoas não envolvidas”, sem especificar o que isso significa.
A pasta disse também não ter tido intenção de atingir jornalistas, mas não explicitou quem era o alvo do ataque. “Deixe-me ser claro: as Forças de Defesa de Israel não miram civis”, disse um porta-voz do órgão.
O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, classificou o ocorrido como um “acidente trágico”.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou “não estar feliz” com o ataque israelense: “Não quero ver isso”, disse durante coletiva na Casa Branca —os EUA são os maiores aliados de Israel.
Trump fez novos apelos por um acordo para a libertação dos reféns israelenses ainda em poder do Hamas.
Repercussão
Líderes mundiais e entidades do jornalismo reagiram ao ataque.
Questionado sobre o caso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que não estava a par da situação e afirmou:
“Eu não sabia disso”.
“Bem, não estou feliz com isso”.
“Não quero ver isso, temos que acabar com todo esse pesadelo”.
O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou o ataque como “intolerável” e ressaltou que “a mídia deve poder cumprir sua missão com liberdade e independência para cobrir a realidade do conflito”.
Vários representantes dos líderes da ONU também se pronunciaram. A porta-voz das Nações Unidas, Stephane Dujarric, por exemplo, repassou a indignação do secretário-geral, António Guterres:
“O secretário-Geral condena veementemente o assassinato de palestinos hoje em ataques israelenses que atingiram o Hospital Nasser em Khan Younis”.
“Entre os mortos, além de civis, estavam profissionais de saúde e jornalistas”.
“Esses últimos assassinatos horríveis destacam os riscos extremos que profissionais médicos e jornalistas enfrentam ao realizar seu trabalho vital em meio a esse conflito brutal”.
O Comitê para a Proteção de Jornalistas condenou a morte dos cinco profissionais e pediu a responsabilização dos culpados.
A Associação de Imprensa Estrangeira pediu uma explicação imediata.
Entre os jornalistas mortos, um deles trabalhava como freelancer para a agência de notícias Reuters, outro trabalhava para a Associated Press (AP), e os outros dois prestavam serviços à TV catari “Al Jazeera”.
Israel não permite a entrada em Gaza de repórteres de agências de notícias ou grandes veículos internacionais para cobrir o conflito, o que contraria diretrizes da ONU que asseguram o direito à presença de jornalistas dentro de zonas de guerra.
Para contornar a questão, esses meios de comunicação contratam jornalistas palestinos para reportarem a situação de dentro do enclave.
A Reuters lamentou a morte de Hussam al-Masri, e disse que o fotógrafo Hatem Khaled, outro palestino que prestava serviços à agência, ficou ferido no ataque.
Uma transmissão ao vivo que Hussam operava foi interrompida abruptamente no momento do ataque inicial, segundo imagens da agência.
“Estamos devastados com a notícia da morte do contratado da Reuters Hussam al-Masri e dos ferimentos de outro de nossos contratados, Hatem Khaled, em ataques israelenses ao hospital Nasser, em Gaza, hoje.
Estamos buscando urgentemente mais informações e pedimos às autoridades em Gaza e em Israel que nos ajudem a conseguir assistência médica imediata para Hatem”, disse um porta-voz da Reuters.
No início de agosto, outros seis profissionais da TV “Al Jazeera” morreram em um ataque de Israel.
O governo israelense rompeu os laços com o veículo e acusa seus jornalistas de integrarem o Hamas, algo que a “Al Jazeera” nega.
O ataque ocorre em meio a uma intensificação da ofensiva israelense em Gaza, com o início de uma ampla operação terrestre para tomar a Cidade de Gaza e, posteriormente, a totalidade do território palestino.
Tanques israelenses foram vistos se posicionando na fronteira com Gaza nesta segunda-feira.
Segundo o Sindicato dos Jornalistas Palestinos, mais de 240 jornalistas palestinos foram mortos por tiros israelenses em Gaza desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.
Redação G1