Episódio parecido se deu com o mesmo personagem: em maio de 2020, o então ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) conseguiu na justiça autorização para exibição do vídeo de reunião ministerial para mostrar que o mandatário defendera interferência na Polícia Federal – então, sob responsabilidade do ministro Sérgio Moro.
Além da verborragia chula de Bolsonaro, o vídeo fez outra revelação mais impactante que a denúncia de Moro: a ardilosa estratégia do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de aproveitar que a mídia brasileira estava com a atenção voltada para a pandemia – no auge da Covid-19 – para fragilizar, ou desmantelar mesmo, toda a fiscalização contra crimes ambientes, bem como toda a legislação que a embasava.
Foi a tal da famigerada “passar a boiada”.
Para essa quinta-feira (07) era esperado o depoimento de Moro no TRE do Paraná, onde tramita processo que pode levar à cassação de seu mandato de senador.
Moro é acusado de abuso e poder e uso de caixa dois.
Porém, no lugar do assunto principal – cassa ou não cassa; o que, em caso afirmativo, levará a Justiça eleitoral no estado a convocar nova eleição para esse cargo –, a repercussão maior do depoimento foi pelas derrapadas na Língua Portuguesa cometidas por Moro.
Ao citar o que a legenda teria aplicado em campanhas, Moro cita que o valor elevado se justificaria por não se tratar apenas sua empreitada eleitoral.
Mas, ao construir o argumento, tascou um “com mim” (comigo) que chamou atenção – de modo a chocar muita gente, claro.
E para não “deixar barato”, acrescenta que os gastos “abrangem outros indivíduos ‘que não só mim’…” – quando deveria citar “só eu” ou “só a mim”.
Na plataforma “ICL”, o Programa ICL Manhã citou o caso – e a apresentadora Vivian Mesquita não perdeu a oportunidade para ironizar as resvaladas vernaculares do atual senador: “vem ‘com mim’ que a gente vai entender direito o que aconteceu”, disse ela, parodiando uma chamada convencional: “vem comigo” – para convidar o espectador a acompanhar assunto a ser exibido.
“Moro não manja de lei, não manja de moral e ética e não manja nem da própria língua”, escreve autor da postagem, com o vídeo publicado em perfil do ICL em rede social.
Vários outros espaços de mídia exploraram o caso.