O tenente-coronel Mauro Cid disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro pressionou o então ministro da defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, a escrever em um relatório que houve fraude nas urnas eletrônicas.
O depoimento aparece em um dos vídeos da delação premiada do ex-ajudante de ordens.
O ministro Alexandre de Moraes tornou as gravações públicas nesta quinta-feira (20).
“Na verdade, o presidente queria que tivesse”.
“Escrevesse que desse fraude, que tivesse fraude”, declarou Cid.
A frase foi dita em resposta ao ministro Alexandre de Moraes.
O magistrado citou uma reunião que teria com o general Paulo Sérgio, logo após a conclusão do relatório elaborado pelas Forças Armadas, em novembro de 2022, e que foi desmarcada pelo militar.
Moraes queria saber de Cid se o ministro da Defesa foi proibido por Bolsonaro de comparecer à reunião e de mostrar o relatório que confirmava a confiabilidade das urnas eletrônicas.
“O presidente estava pressionando ele para que ele escrevesse isso de outra forma”, respondeu Cid.
Após a pressão, segundo o tenente-coronel, foi feita uma nova “construção” textual que apontava que não era possível identificar fraude nas urnas, pois o sistema eletrônico de votação não é auditável, o que já foi desmentido pelo Tribunal Superior Eleitoral.
“Acabou saindo um meio-termo entre o que o presidente queria e o que o ministro Paulo Sérgio fez no trabalho técnico dele”, disse Cid.
Em outro momento da delação, o tenente-coronel disse que Bolsonaro, até o último momento, teve esperanças de que surgiria “uma prova cabal de que houve fraude nas urnas”.
Nem mesmo Cid, porém, acreditava nisso.
“Se o senhor pegar todas as minhas mensagens antigas, vai perceber que eu falava que não encontrou fraude”, disse o militar ao ministro Alexandre de Moraes.
Nayara Felizardo