VÍDEO: após troca de empurrões, Janones deixa Conselho de Ética escoltado

Processo por suposta “rachadinha” foi arquivado, mas, sessão teve confusão e deputado saiu com Polícia Legislativa
Primeira parte do bate-boca, ainda no plenário da Comissão: confusão começou com acusações de parlamentares contra assessores de deputados, que acompanhavam a reunião. (Foto: reprodução)

A sessão do Conselho de Ética da Câmara desta quarta-feira (5) foi marcada por confusões entre deputados governistas e da oposição no plenário do colegiado.

Os ânimos dos parlamentares se exaltaram na reunião em que o conselho analisava um processo contra o deputado André Janones (Avante-MG), suspeito de ter praticado “rachadinha”, ou seja, desvio de salário de funcionários do seu gabinete (leia mais aqui).

O processo contra Janones foi arquivado pelo colegiado. Ao final da sessão o deputado bateu boca e trocou empurrões com colegas (veja vídeo acima).

Parlamentares de oposição se dirigiram em direção a Janones aos gritos de “rachador” e “covarde”. Após alguns minutos em silêncio, Janones reagiu.

Partiu para cima de Nikolas Ferreira (PL-MG) e Zé Trovão (PL-SC).

Os parlamentares trocaram empurrões e insultos.

Janones e Nikolas desafiaram um ao outro a participar de briga fora das dependências da Câmara. Em meio à confusão, a Polícia Legislativa da Casa precisou intervir.

André Janones teve deixar o plenário do colegiado escoltado.

Clima quente

Deputados batem boca durante sessão do Conselho de Ética da Câmara

A confusão com Janones não foi a única da reunião do Conselho de Ética.

O primeiro bate-boca teve início com acusações de parlamentares contra assessores de deputados, que acompanhavam a reunião (veja no vídeo acima).

A deputada Jack Rocha (PT-ES) defendia o arquivamento do caso contra Janones, como ocorreu com processos relacionados a outros deputados. Ao mencionar um caso contra o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) que foi arquivado, a tensão se elevou.

Em meio a gritos e pedidos para esvaziamento do plenário do Conselho de Ética, os deputados Delegado Caveira (PL-PA) e Juliana Cardoso (PT-SP) se estranharam.

Sessão do Conselho de Ética da Câmara tem confusão entre deputados

Em tom inflamado, o deputado repetia à Juliana que ela era “comunista”.

Juliana rebatia chamando o adversário político de “machista”.

Com a discussão, o plenário no qual a reunião ocorria foi esvaziado, por decisão do presidente do órgão, deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA). Assessores, visitantes e jornalistas tiveram de deixar o local.

Depois do esvaziamento do plenário, a confusão ainda seguiu.

Desta vez, os envolvidos foram Guilherme Boulos e Pablo Marçal — os dois são pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL e pelo PRTB, respectivamente.

Boulos desafiou Marçal a manter a sua candidatura e enfrentá-lo na disputa municipal.

Processo contra Janones

A oposição tentou, sem sucesso, derrubar o parecer apresentado por Boulos pelo arquivamento do caso contra Janones.

Janones era alvo de uma denúncia, apresentada pelo PL, que pedia a sua cassação por uma possível quebra de decoro parlamentar.

No documento que deu origem ao processo, aberto em dezembro passado, a sigla afirma que a prática atribuída ao deputado era “repulsiva” e “eticamente deplorável”.

A representação fazia referência a uma mensagem de áudio, divulgada pela imprensa no último ano, na qual o deputado mineiro diz a assessores que parte deles teria que devolver uma quantia do salário para abater um prejuízo na campanha eleitoral de 2016.

Em seu parecer, Boulos disse que o caso não deveria prosseguir por tratar de “fatos ocorridos antes do início do mandato” atual de André Janones.

Na argumentação, utilizou um caso antigo do Conselho de Ética que envolvia o então deputado e hoje ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA).

À época, o órgão rejeitou a denúncia e arquivou a ação por entender que tratava de fatos anteriores ao mandato de Costa.

O deputado era acusado de participar de esquema de desvio de recursos públicos destinado à construção de 1.120 casas populares.

“Não há justa causa, pois não há decoro parlamentar, se não havia mandato à época — o que foge do escopo, portanto, do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar — o mesmo caso visto agora”, escreveu Boulos.

Kevin Lima, Letícia Sena, Fernanda Rouvenat — G1 e GloboNews / Brasília

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