A primeira vacina contra o câncer de pele começou a ser testada, na sexta-feira (26), no Reino Unido.
O imunizante, desenvolvido pela Moderna em conjunto com a MSD, está na terceira fase de testes em busca da aprovação das agências reguladoras de saúde.
O estudo é liderado pela University College London Hospitals.
Segundo o jornal inglês The Guardian, médicos que participam do estudo estão animados com o potencial da vacina em curar permanentemente o câncer de pele, especialmente em pacientes com melanoma.
Na segunda fase de testes, os cientistas observaram que pacientes com melanoma grave, que receberam a vacina, tinham 49% a menos de chance de morrer ou do câncer regredir em três anos.
O que é Melanoma?
A médica dermatologista Cristiane Cárcano, do Cancer Center Oncoclínicas, em Belo Horizonte, explica que o câncer de pele ocorre quando as células localizadas na pele se multiplicam e crescem sem controle.
De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer de pele é o mais frequente no Brasil.
A doença representa 30% de todos os tumores malignos diagnosticados no país.
Porém, os melanomas – o tipo mais grave do câncer de pele – são apenas 4% dos diagnósticos da doença.
Em todo o mundo, o melanoma afeta cerca de 132 mil pessoas por ano.
Segundo Cárcano, apesar do melanoma ser menos comum, ele é potencialmente fatal.
“Em geral dividimos o câncer de pele em duas formas: o câncer de pele do tipo não melanoma, que é composto principalmente pelo carcinoma basocelular e pelo carcinoma espinocelular, e o câncer de pele melanoma”.
“O câncer do tipo melanoma tem origem na célula que produz a melanina”.
“Ela está localizada na nossa pele e se chama melanócito”.
“Ele é um câncer de pele mais raro e ocorre em cerca de 4% do total de cânceres de pele”.
“Porém, ele pode ser agressivo e potencialmente fatal, com possibilidade maior de mortalidade no que os cânceres de pele do tipo não melanoma”, explica.
A especialista explica que o melanoma tem o potencial de provocar metástase, crescer e de se disseminar muito maior do que os tipos de câncer de pele.
“O câncer de pele do tipo melanoma é considerado mais agressivo”.
“O seu prognóstico (chance de cura) depende do diagnóstico precoce”.
“Quanto mais rápido o diagnóstico for feito, melhor vai ser o prognóstico do paciente”.
“Então, se for detectado precocemente a taxa de cura desse câncer é muito alta”.
“Mas, em casos mais avançados, já diagnosticados com metástase (quando o câncer se espalha para outros órgãos), a taxa de mortalidade aumenta”.
Cerca de 90% dos pacientes que morrem de câncer de pele foram diagnosticados com melanoma”, esclarece.
Quais os principais sintomas?
Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas do câncer de pele são:
Manchas pruriginosas (que coçam), descamativas ou que sangram;
Sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor;
Feridas que não cicatrizam em 4 semanas.
A pasta ressalta que as lesões acontecem principalmente nas áreas do corpo que são mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e orelhas. Assim que o paciente notar qualquer alteração na pele é necessário buscar um dermatologista para ser avaliado.
Como a doença é diagnosticada?
O diagnóstico é feito pelo médico dermatologista por meio de exame clínico.
Em alguns casos é possível que o profissional de saúde utilize o exame conhecido como “Dermatoscopia”, em que ele usa um aparelho para visualizar as camadas da pele que não podem ser vistas a olho nu.
Após o diagnóstico, o profissional retira um pedaço da lesão para ser realizada uma biópsia.
A amostra é enviada para um laboratório, onde será confirmada doença.
O exame também diz se o câncer de pele é melanoma ou não melanoma e qual o seu tipo.
Tratamento
O tratamento para o câncer de pele depende do tipo da doença, mas, em geral, ele é feito de forma cirúrgica.
“Para a maioria dos casos, o tratamento cirúrgico, que é a retirada daquela lesão de pele, é o tratamento padrão”.
“Ele deveria ser o tratamento ideal, porém nós temos casos em que o paciente não pode ser operado ou que o próprio tumor é inoperável”.
“Nesses casos, temos alternativas como a radioterapia e quimioterapia”, explica a dermatologista.
Segundo a médica, a imunoterapia é indicada para casos mais graves, onde o câncer já se espalhou para outros órgãos.
Cárcano ressalta que, se o diagnóstico for precoce, apenas uma cirurgia é capaz de curar o paciente.
“Se a cirurgia retirou todo o tumor de forma correta, normalmente esse paciente fica curado”, comenta.
Diagnóstico precoce previne cicatrizes indesejadas
Além de aumentar as chances de cura, o diagnóstico precoce pode ajudar a diminuir as cicatrizes decorrentes das cirurgias para tratamento.
“A gente sabe o quanto uma cicatriz pode interferir na questão estética, na autoimagem e gerar consequências graves para o paciente”.
“Por isso o diagnóstico precoce é tão importante para a gente evitar a morbidade, que é essa sequela para o paciente, e a mortalidade”, explica Cárcano.
Como se prevenir?
A principal forma de prevenção é evitar a exposição exagerada ao sol.
“É importante lembrar que essa exposição é cumulativa”.
“Ou seja, toda vez que a gente se expõe ao sol, a gente acaba alterando as células da nossa pele e vai adquirindo uma propensão a desenvolver o câncer de pele no futuro”, afirma a médica.
Entre as pessoas com maior propensão em desenvolver a doença estão as pessoas de pele e olhos claros, especialmente ruivos, que tem a pele mais sensível.
Além disso, também tem mais chances quem tem histórico de câncer de pele na família.
A dermatologista elenca formas de evitar a exposição solar:
Fazer o uso correto e adequado do filtro solar no dia a dia;
Dar preferência para filtros solares com fator de proteção solar acima de 30, aplicado corretamente;
Aplicar o filtro solar em duas camadas e relembrar de aplicar ao longo do dia;
Se a pessoa tiver exposta ao sol ou transpirando muito, é preciso aplicar o filtro solar pelo menos a cada duas horas;
Buscar por sombrinhas, guarda-sóis e sombras de árvores para não ficar exposto diretamente ao sol;
Evitar se expor ao sol de 10 às 16 horas, quando ele está mais intenso.
Fernanda Rodrigues