Tebet defende modernizar políticas públicas para alcançar déficit zero

Governo terá que cortar R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias – para ela corte será suficiente para alcançar meta estipulada pelo Planalto
Ministra Simone Tebet: “saímos de uma pandemia com regras de políticas públicas muito frouxas e [em 2023 e 2024], nós conseguimos cortar, sem tirar direito de ninguém que precisa, quase R$ 12 bilhões do Bolsa Família”. (Foto: reprodução / Marcelo Camargo / Agência Brasil)

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que será necessária uma “modernização das políticas públicas” para que o governo alcance o déficit fiscal zero em 2026.

Entre as medidas, ela citou a avaliação de coberturas e integração de programas sociais, modernização das vinculações de benefícios e análise da efetividade dos subsídios e gastos tributários.

A declaração foi feita nesse sábado (31), durante evento realizado em São Paulo.

O governo federal terá que fazer um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias para cumprir a meta de déficit zero em 2025.

Para isso, a equipe econômica está fazendo uma revisão de gastos com programas sociais.

Segundo Tebet, é pente-fino em fraudes, erros e desperdícios.

“Saímos de uma pandemia onde as regras das políticas públicas ficaram muito frouxas”, disse.

“E, com isso, [em 2023 e 2024], nós conseguimos cortar, sem tirar direito de ninguém que precisa, quase R$ 12 bilhões do Bolsa Família”.

“Para o ano que vem, o presidente Lula nos deu um cheque a menos, ‘vocês têm autorização para cortar 25,9 bi para que tenhamos meta zero’; o que eu posso atestar é que isso é suficiente para zeramos o déficit fiscal o ano que vem, mas não será suficiente para 2026”, ressaltou ao falar durante o evento Expert XP, em São Paulo.

De acordo com a ministra, o Congresso Nacional e o Poder Executivo precisarão rever gastos públicos em questões mais estruturantes.

A estratégia do Ministério do Planejamento e Orçamento é definir essa nova revisão para o segundo semestre no ano que vem, visando o Orçamento de 2026.

“Temos muitas políticas públicas que estão mirando o mesmo objetivo e, às vezes, até temos sombras de penumbras, temos vácuos, alguns espaços que não estão sendo cobertos”.

“Isso, que é a integração das políticas públicas está no nosso cardápio”.

“Da mesma forma, a gente está falando de modernização das vinculações”, afirmou a ministra.

Tebet não detalhou o que seria essa “modernização das vinculações”, mas, em declaração recente, descartou a desvinculação de aposentadorias do salário-mínimo e citou outros benefícios como o BPC e o abono salarial.

Além disso, hoje, a ministra afirmou que é preciso avaliar os gastos sobre a ótica das receitas: “a questão dos subsídios e gastos creditícios, financeiros, mas especialmente dos gastos tributários”.

“Hoje, eles consomem quase 6% do PIB brasileiro”.

Subsídios tributários

Os subsídios tributários são caracterizados pela renúncia de receitas, os financeiros pela execução de despesas e os creditícios pela aplicação de recursos da União em programas ou fundos.

O volume de renúncias fiscais e de benefícios financeiros concedidos pelo governo federal atingiram R$ 646 bilhões em 2023, o que preocupa o presidente Lula.

“Ninguém vai tirar subsídios que está dando certo”, destacou.

“Mas temos que analisar, naquela quase uma centena de subsídios, aquilo que efetivamente ainda está atendendo o interesse público, gerando emprego e renda e movimento a economia”, acrescentou Tebet.

Andreia Verdélio – repórter da Agência Brasil – Brasília; edição: Aécio Amado

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