Suprema Corte de Israel derruba reforma que levou milhões às ruas contra Netanyahu em 2023

Lei criada por primeiro-ministro limitava poderes do Judiciário e provocou uma onda de indignação sem precedentes na história do país
Imagem aérea mostra manifestação em Tel Aviv, Israel, em 1º de abril de 2023: reação à proposta feita pelo governo Netanyahu levou milhões às ruas e só parou com o início da guerra entre Israel e Hamas; juízes afirmaram que reforma prejudicava democracia. (Foto: reprodução/REUTERS/Ilan Rosenberg)

A Suprema Corte de Israel derrubou nesta segunda-feira (1º) uma polêmica reforma do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, que tirava poder do Judiciário do país.

A lei provocou uma onda de protestos sem precedentes nas principais cidades de Israel ao longo de 2023.

A revolta contra a lei levou milhões de pessoas às ruas de Israel durante meses, em manifestações que só arrefeceram após o início da guerra entre Israel e Hamas, em outubro de 2023.

A reforma, aprovada em votação no Parlamento do país, enfraquecia o Supremo Tribunal Federal ao determinar que parte das decisões da Corte poderiam ser vetadas pelo Legislativo.

A nova legislação também havia retirado o poder do Supremo de anular decisões governamentais e ministeriais, concentrando mais decisões nas mãos de Netanyahu.

E dava mais liberdade ao governo para nomear juízes da Suprema Corte.

Na prática, a medida também poderia livrar o premiê de três processos pelos quais ele ainda responde em seu país, por suborno, quebra de confiança e fraude.

Em um comunicado, a Suprema Corte afirmou que 8 de seus 15 juízes se manifestaram contra a medida em votação nesta segunda.

Os juízes argumentaram que a lei prejudica o exercício da democracia em Israel.

O Likud, partido de Netanyahu e defensor ferrenho da medida, chamou a decisão de “infeliz” e acusou a Suprema Corte de “se opor à vontade do povo por unidade, especialmente em tempos de guerra”.

O ministro da Justiça, Yariv Levin, aliado de Netanyahu e arquiteto da reforma disse que a decisão prejudica “o sucesso dos nossos soldados na linha de frente”.

A reforma foi uma das primeiras medidas do novo governo de Netanyahu, que assumiu novamente o poder em Israel no fim de 2022 graças a uma aliança polêmica com Itamar Ben-Gvir, deputado de extrema direita com um discurso incendiário contra palestinos.

A reação de parte dos israelenses, já insatisfeitos com a aliança com a extrema direita, foi imediata, e a população foi às ruas de forma massiva por meses.

Os manifestantes argumentavam que a lei abria caminho para a corrupção e nomeações indevidas para a Suprema Corte.

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