A revista Fórum publicou denúncia de que a suposta ligação do ministro da Justiça, Flávio Dino, com o crime organizado, foi forjada – e idealizada e executada por um dos mais tradicionais jornais do país.
A ligação foi publicada pelo Estadão, hoje a denominação mais popular do periódico paulista “O Estado de São Paulo”.
Historicamente, o jornal é tido como o principal representante do pensamento conservador da elite empresarial paulista.
De acordo com a revista, a ligação do ministro foi fruto de atuação da editora-chefe do jornal paulista, Andreza Matais.
“O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, usou suas redes sociais para comentar as recentes revelações que desmascararam a fraude jornalística envolvendo o jornal O Estado de S. Paulo (Estadão)”, diz trecho da reportagem do portal Brasil 247, de perfil de apoio a segmentos como o governo e movimentos populares.
“A denúncia, que veio à tona no sábado (18), foi registrada no Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal (MPT-DF) e aponta para a tentativa de criar uma narrativa sensacionalista envolvendo Dino”, acrescenta o portal.
O ministro recorreu a uma expressão bíblica para expressar sua reação às difamações. “O mal por si só se destrói. A frase, muito conhecida, tem inspiração bíblica. Lembrei-me disso ao ler uma reportagem desmontando as vis difamações contra mim engendradas. Não foi a primeira, infelizmente não será a última”, declarou Dino em seu tweet – continuou a publicação do portal.
A matéria elaborada pelo Estadão, segundo a denúncia da revista Fórum, teria sido planejada pela editora-chefe Andreza Matais, coagindo repórteres recém-contratados a produzirem conteúdo distorcido e tendencioso sobre o ministro da Justiça.
A trama envolvia a apresentação de uma mulher como a “dama do tráfico do Amazonas” e sua suposta ligação com Flávio Dino.
Luciane Farias integrou comitiva que esteve no Ministério da Justiça para tratar de questões envolvendo o sistema prisional do país.
Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias (conhecido por Tio Patinhas) e apontado como chefe de facção criminosa no estado do Amazonas.
Apoiadores do governo Lula sustentam que Luciane foi indicada para integrar a comissão que foi a Brasília (DF) por Wilson Lima (UB), governador do Amazonas e aliado bolsonarista.
Depois da repercussão em torno de si, ela deixou a Comissão de Combate à Tortura, grupo que representou na ida ao MJ.
Ainda conforme revelação da revista, “os colaboradores do Estadão que fizeram a denúncia alegam que Matais tinha o objetivo de impulsionar a candidatura do ministro Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF)”.
“Segundo a acusação, a estratégia incluía até mesmo a utilização de uma entrevista do ministro Gilmar Mendes, do STF, para dar gravidade ao suposto encontro da ‘dama do tráfico’ com autoridades do governo”.
“O ministro Flávio Dino, porém, reforçou que não se intimidará com organizações criminosas e seus poderosos aliados”, continuou o portal Brasil 247.
“Um bordão muito conhecido [em investigações] é ‘follow the money’, e quando isso é feito mesmo, a ‘elite do crime organizado’ reage”, declarou o ministro, em alusão à expressão usada por autoridades e investigadores para desbaratar organizações criminosas ou alcançar todas as suas ramificações.
“Mas nunca me intimidei nem me intimidarei com essas organizações criminosas, tampouco com seus poderosos aliados e amigos”, afirmou Flávio Dino.
Com Brasil 247