A Comissão de Ética da Câmara dos Deputados instaurou procedimentos para investigar integrantes da Casa por denúncias que vão de ameaças a provocações – contra parlamentares da esquerda e da direita.
O mais destacado é do deputado federal por Minas Gerais, André Janones (Avante), acusado pela prática de “rachadinha”.
Mais do que a denúncia em si, o maior motivo de preocupação para partidos progressistas e de esquerda é de que o caso dê munição para a direita – na prática, para que seus integrantes possam “apontar o dedo”, acusando parlamentares hoje do governo, pela mesma prática de que foram acusadas figuras como Eduardo Bolsonaro, quando deputado estadual no Rio de Janeiro.
Mas, há pelo menos seis outros casos sobre os quais a comissão começa a se debruçar nesta quarta-feira (13).
Em dois deles, um dos possíveis indicados para ser relator é o deputado de primeira legislatura Fábio Costa (PP): contra Ricardo Salles (PL–SP), por suposta apologia à ditadura durante sessão da CPI do MST; e contra a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL–SP), por supostas provocações a Salles e Delegado Éder Mauro (PL–PA).
No primeiro, o investigado é da mesma linha ideológica do alagoano; no segundo, a investigada é de linha contrária – e mulher.
Não custa lembrar que uma das características do campo ideológico bolsonarista, ao qual pertence o deputado delegado alagoano, é a misoginia – vide como o ex-presidente tratava mulheres com quem interagia, em particular jornalistas.
Para além disso, vale o questionamento sobre como se portará o parlamentar: conforme a carreira (já que delegados também produzem relatórios de investigações – os inquéritos) ou conforme os costumes parlamentares – e neste, se seguindo a ideologia partidária ou a pretensa isenção do Conselho.