Reino Unido envia navio de guerra para região do Essequibo

Movimentação ocorre em meio às reivindicações territoriais da Venezuela sobre a região rica em petróleo
Presidente da Guiana, Irfaan Ali (à esq.), e da Venezuela, Nicolas Maduro: ao temer perder parte do território, reivindicado por venezuelano, ex-colônia britânica recorreu à comunidade internacional. (Foto: Reuters)

O governo do Reino Unido anunciou o envio de um navio de guerra para a Guiana, em resposta às crescentes tensões com a Venezuela sobre a região do Essequibo, uma área rica em petróleo e que compreende dois terços do território guianense.

O Ministério da Defesa britânico informou que o ‘HMS Trent’ será enviado à Guiana, uma ex-colônia britânica e atual parceiro na Commonwealth, para participar de uma série de compromissos na região, conforme reportado pela BBC e pelo jornal Estado de S. Paulo.

Esta movimentação ocorre em um contexto em que a Venezuela renovou suas reivindicações territoriais sobre o Essequibo.

O navio ‘HMS Trent’, que normalmente opera no Mar Mediterrâneo, foi realocado no início de dezembro para o Caribe com o objetivo de combater o tráfico de drogas. A chegada do navio é vista como um gesto de apoio do Reino Unido à Guiana, após a visita de David Rutley, chefe da diplomacia britânica nas Américas, ao país no início da semana.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, e o líder venezuelano, Nicolás Maduro, realizaram um encontro em São Vicente e Granadinas para reduzir as tensões sobre a reivindicação venezuelana da região de Essequibo.

Contudo, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, descreveu o envio do navio militar britânico como uma “provocação”, expressando preocupação com a paz e a estabilidade na região do Caribe e na América.

O Essequibo tem sido um ponto de disputa histórica entre a Guiana e a Venezuela.

Após a Venezuela declarar independência da Espanha em 1811, a região passou a ser reivindicada por ela, enquanto o Reino Unido assumiu o controle do território atualmente conhecido como Guiana em 1814, em um acordo com a Holanda.

A disputa pelas fronteiras se intensificou ao longo dos anos, levando a uma decisão de um tribunal internacional em 1899, que atribuiu o território à então Guiana inglesa.

A Venezuela contestou essa decisão décadas mais tarde, e a questão permaneceu em aberto até o acordo de Genebra em 1966, pouco antes da independência da Guiana, que propôs uma solução negociada, mas sem alcançar consenso.

A recente descoberta de petróleo na Guiana pela ExxonMobil, com reservas estimadas em cerca de 11 bilhões de barris, transformou a economia do país e reacendeu as disputas territoriais.

A Guiana, membro do Fundo Monetário Internacional (FMI), registrou um crescimento significativo, contrastando com a situação econômica da Venezuela, marcada pelo declínio da produção de petróleo e problemas na empresa estatal PDVSA.

Apesar das tensões, Guiana e Venezuela se comprometeram a resolver suas disputas de acordo com o direito internacional, incluindo o Acordo de Genebra, e a evitar o uso da força. Uma próxima reunião entre os dois países está prevista para ocorrer no Brasil dentro de três meses.

Brasil 247 citando BBC e Estado de S. Paulo

Leia também