O caminho da vereadora Teca Nelma (PSD) na direção do PT começou ainda à época da campanha do presidente Luiz Inacio Lula da Silva, em 2022.
E ao contrário do que possa parecer, pelo impacto, a possível filiação da vereadora Teca Nelma ao PT não visa a Prefeitura de Maceió – é para a Câmara Municipal, mesmo.
Mas, essa recondução ao Legislativo municipal é apenas a ponte visando mandatos de 2026 – sim, no plural: mandatos para Teca e a mãe, Tereza.
O anúncio, neste meio de semana – já em tom de favas contadas e certamente, o de maior importância nessa fase da corrida pela Prefeitura de Maceió e para a Câmara Municipal – já provocou diversas cisões políticas.
E como o blog apurou, extensas profundas e graves.
Como adiantou o jornalista Kléverson Levy, o clima é de insatisfação entre aliados.
Mas, até o meio de tarde dessa quinta-feira (14), o sentimento já se materializara em documento em que pelo menos dez dos 14 pré-candidatos a vereador pelo partido subscreveram a posição de que se vereadora – franca favorita à reeleição – entrar na disputa pela legenda, os petistas declinarão da corrida.
Mesma decisão deverá se estender aos demais partidos da federação, o novo modelo de aliança partidária adotado pela legislação eleitoral, em substituição ao antigo formato de coligação.
Na federação, além do PT, estão o PV e PcdoB.
Filiado a uma das siglas com quem o blog entrou em contato ilustrou que o ingresso da vereadora se constituiria numa “vitória de Pirro”.
A alusão à Batalha de Ásculo, no ano de 279 a.C., é uma metáfora para um caso em que o vencedor de uma batalha sofre tantas perdas que se torna impossível seguir com a guerra.
Lula
Ainda conforme apuração do blog, a aproximação teria se dado com nada menos que um convite feito pelo então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva, no comício em Maceió, dirigido à vereadora pessoalmente.
Recentemente, já como integrante de um dos escalões do Ministério da Pesca, sua mãe, a ex-deputada federal Tereza Nelma abordou o já presidente e indagou sobre as possibilidades da ida de Teca para o PT.
Prontamente, Lula teria ligado para a presidente da legenda, a deputada federal Gleisi Hofmann, para adotar as providências.
Nos planos de Lula, desde o comício, não estavam – tanto – as eleições deste ano, mas, as de 2026, quando o objetivo do presidente é duplicar ou mesmo triplicar o número de deputados federais, da legenda em especial, mas, de partidos que mantenham sintonia ideológica com a esquerda.
A ideia a minimizar ou mesmo tirar o poder do Centrão.
E para isso, o próprio Lula tomou para si a missão de identificar nomes em potencial, em todos os estados, que tenham viabilidade eleitoral para conquistar vagas na Câmara dos Deputados.
Nesse caso, se inverteria a tendência que vinha sendo tradição na família: Tereza para o cargo federal; Teca para o local.
A atual vereadora seria candidata a deputada federal e a mãe, Tereza, a deputada estadual.
Porém, para isso, como regem os manuais político-eleitorais, o nome tem que se manter viável – e quase que obrigatoriamente, detentor de mandato.
Daí, se descartar a vereadora ser cogitada para concorrer à Prefeitura.
Primeiro que, tendo um nome já escolhido pelo partido para concorrer – o do presidente do diretório estadual, Ricardo Barbosa –, a interferência seria demasiada.
Segundo porque, por mais que detivesse a máquina petista e como cabo eleitoral, nada menos que o presidente, as pesquisas dando boa vantagem para o atual prefeito e o perfil para lá de conservador do eleitor maceioense recomendam uma escolha menos ambiciosa.
Porém, a mera cogitação da chegada de Teca já como candidata foi suficiente para abrir uma crise não só no PT, mas, nos dois outros partidos que compõem a federação.
Conforme apuração do blog, a tendência é de que, confirmado o movimento, visto muito mais como uma imposição de instâncias superiores, os nomes já apontados como pré-candidatos pelas três legendas declinariam de disputar.
“Se ela [Teca] entrar, não vai ter chapa”, diz pessoa filiada a um dos partidos, ouvida pelo blog.
“Na prática, ela [Teca] que terá que formar a chapa de vereadores de toda a federação”, explica alguém que acompanha a movimentação partidária.
E acrescenta:
“E corre o risco de ter a candidatura impugnada, lá na frente, na convenção”.