Rafael Tenório: “moleques e babacas”

Empresário apresentou carta de renúncia e será substituído por presidente do Conselho Deliberativo, Cristiano Beltrão
Rafael Tenório, na entrevista coletiva de renúncia: críticas aos “moleques e babacas fracassados que tanto me criticam” e balanço da recuperação que promoveu no clube – “CSA disputou a Série A com um CT [centro de treinamento] de [nível de] Série D”. (Foto: reprodução)

O agora ex-presidente do CSA, Rafael Tenório, disse que o time não sofrerá mais um rebaixamento e conclamou ao sucessor, Cristiano Beltrão, a transformar o clube numa Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

“Prepare [o clube] para isso, eu ajudo; escolha o modelo”, disse Tenório, na coletiva que concedeu nesta quinta-feira (14) à tarde, em que comunicou sua renúncia – segundo ele, como um presente que se concedia, pela passagem de seu aniversário, nesta sexta (15).

“Não tem como fugir disso”, acrescentou, referindo-se à conjuntura da legislação desportiva, que tende a fazer com que todos os clubes adotem essa personalidade jurídica.

“São vários modelos: escolha um – um que não tenha que colocar patrimônio do clube, o ativo”, disse, referindo-se à mudança.

“Depois, a gente escolhe o investidor; a gente pode escolher quem vai ser parceiro”, finalizou, após colocar que, mesmo afastado, não deixará de ajudar o clube, mas, “agora do outro lado”.

Mesmo sem especificar, dando a entender que não mais ocupará cargo diretivo ou ficará em ala de oposição à gestão que estiver à frente do clube.

O dirigente concedeu a entrevista coletiva no CT Gustavo Paiva, unidade que, segundo ele, escolheu como visionário – e resistindo à pressão para comprar o complexo Nelson Peixoto Feijó (situado na Avenida Menino Marcelo, hoje, vizinho ao Pátio Shopping, por uma época, centro de treinamentos do Corinthians Alagoano) –, que tem 140 mil quadrados e quando concluído, será um dos cinco melhores do Brasil.

Ao justificar a saída, Rafael Tenório não poupou críticas a maus profissionais da crônica esportiva e outras pessoas que o detrataram, e à administração.

“Diante das injustiças, das críticas infundadas, das calúnias, de ser xingado em rede social, de ser escrachado por maus radialistas ou jornalistas que não sabem reconhecer o trabalho quem se faz”, disse, num trecho da coletiva.

No início da entrevista, ele fez um balanço das condições de precariedade estrutural e administrativa em que encontrou o Clube – “até um refletor do CSA estava penhorado” –, que não recolhia FGTS de empregados nem demais obrigações fiscais e trabalhistas.

Para ilustrar, citou episódio em que o então técnico do Fortaleza (CE), Rogério Ceni, em treinamento de sua equipe, em Maceió, para uma partida contra o CRB pela Série B, em 2018, perguntou como o CSA conseguira conquistar o título da Série C sobre o time cearense com um centro de treinamento como o que tinha, no bairro do Mutange.

“O CSA disputou a Série A com um CT [centro de treinamento] de [nível de] Série D”, desabafou.

“Muitas pessoas acham que administrar um time de futebol é só ter resultado dentro de campo”, disse.

“O resultado dentro de campo só acontece a partir dos bastidores”, disse.

E atribuiu às críticas e à falta de reconhecimento pelo que realizou pelo clube:

“Diante dessas injustiças, dessas redes sociais, desses moleques e babacas fracassados que tanto me criticam, que dizem que sou ladrão, que dizem que sou incompetente, que sou isso ou aquilo, a história vai mostrar”, disse.

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