“Queda dramática”, “condenação histórica”: a repercussão

Condenação de Bolsonaro foi destaque na imprensa internacional, depois que STF chegou formou maioria para condenar o ex-presidente e outros sete réus
STF alcançar maioria para condenar o ex-presidente e outros sete réus pela trama golpista, nesta quinta-feira (11) foi assunto de destaque na imprensa de vários países. (Foto: reprodução)

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela trama golpista. O placar de 3 a 1 foi alcançado com o voto da ministra Cármen Lúcia, nesta quinta-feira (11).

Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar, está sendo julgado junto a outros sete réus, apontados como os principais integrantes da suposta organização que tentou aplicar o golpe. A sentença deve sair até sexta-feira (12).

A condenação de Bolsonaro repercutiu na imprensa internacional.

Reuters: destacou que Bolsonaro é o primeiro ex-presidente condenado por atentado à democracia.

The Guardian: disse que ele pode pegar décadas de prisão por liderar a conspiração.

Washington Post: afirmou que defesa do ex-presidente vai recorrer.

Wall Street Journal: afirmou que a condenação deve inflamar a disputa entre Trump e Lula.

Bloomberg: ressaltou que Bolsonaro acusa o STF de perseguição política.

The Economist: lembrou fala do ex-presidente feita em 2022 e disse que o julgamento mostrou que “ele estava errado”.

El País: avaliou que o Brasil deu um passo importante contra a impunidade.

BBC: explicou que o plano golpista culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Clarín: afirmou que o ex-presidente pode pegar até 40 anos de prisão.

A agência de notícias Reuters afirmou que Bolsonaro está sendo julgado por planejar um golpe para permanecer no poder após perder a eleição de 2022.

“A decisão presumida pela maioria de um painel de cinco ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) faz de Bolsonaro o primeiro ex-presidente na história do país a ser condenado por atentado à democracia”, diz a reportagem.

A agência lembrou que a condenação não foi unânime, já que o ministro Luiz Fux votou pela absolvição do ex-presidente. Para a Reuters, esse voto trouxe alívio entre apoiadores de Bolsonaro e pode abrir caminho para contestações da decisão.

Segundo a Reuters, a condenação de Bolsonaro se soma a outros casos envolvendo líderes de extrema direita no mundo, como Marine Le Pen, na França, e Rodrigo Duterte, nas Filipinas.

O The Guardian afirmou que o placar alcançado no STF deve fazer com que Bolsonaro enfrente uma sentença de décadas por “liderar a conspiração criminosa” para um golpe.

“Ao dar seu voto decisivo, Rocha [Cármen Lúcia] denunciou o que chamou de tentativa de ‘semear a semente maligna da antidemocracia’ no Brasil, mas comemorou como as instituições do país sobreviveram e estão reagindo”, afirma o texto.

O jornal britânico também destacou o voto divergente do ministro Luiz Fux, que defendeu a absolvição de Bolsonaro ao alegar não haver provas de que o ex-presidente tivesse participado de um complô para um golpe.

O Washington Post disse que parte da socidade brasileira espera que a condenação de Bolsonaro represente um ponto de virada para o Brasil, que sofreu diversas tentativas de golpe ao longo da história.

A reportagem diz ainda que Bolsonaro deve enfrentar uma longa pena de prisão, mas que os advogados do ex-presidente já indicaram que devem recorrer da decisão.

“Seu advogado afirmou que não havia provas concretas que o ligassem ao complô para reverter a derrota presidencial mais apertada em quatro décadas de democracia no Brasil”, diz o texto.

O Wall Street Journal disse que a condenação de Bolsonaro deve inflamar a “disputa” entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Lula.

“Mandar Bolsonaro, de 70 anos, para a prisão seria um desafio aos esforços de Trump para sabotar um caso que eletrizou o maior país da América Latina e colocou o Brasil no centro da guerra comercial do governo americano”, diz o jornal.

“O julgamento sela a queda dramática de Bolsonaro e seus aliados de direita, que chegaram à vitória em 2018 prometendo impor a lei e a ordem em um país assolado pela corrupção, crime e caos político.”

A reportagem relembrou que Trump aplicou tarifas de 50% contra o Brasil por causa do que classificou como “caça às bruxas” contra Bolsonaro. O jornal americano diz ainda que o governo brasileiro se prepara para uma reação negativa da Casa Branca.

A agência Bloomberg destacou que Bolsonaro se tornou o primeiro ex-presidente brasileiro a ser condenado por uma tentativa de golpe. A reportagem afirma que Bolsonaro vem acusando o STF de perseguição política.

“Ao final do julgamento, a defesa de Bolsonaro poderá apresentar embargos de declaração à mesma turma, caso considere que a decisão contém omissões, contradições, ambiguidades ou erros de grafia”, diz a reportagem.

A Bloomberg também citou um projeto de lei de anistia “que proteja Bolsonaro” que pode entrar na pauta do Congresso Nacional. No entanto, a agência lembra que, apesar de a Câmara ter sinalizado disposição em votar a proposta, o Senado demonstrou pouco apoio.

A reportagem do The Economist abre relembrando uma fala de Bolsonaro de 2022, na qual ele afirmou que não seria preso se perdesse as eleições. Segundo o jornal, o julgamento no STF mostrou que “ele estava errado”.

“Em 11 de setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela condenação de Bolsonaro por cometer um golpe de Estado. O político de extrema direita deve ser sentenciado em 12 de setembro, juntamente com vários ex-ministros e oficiais militares”, afirma.

“A condenação é histórica. O Brasil sofreu inúmeros golpes desde sua independência em 1822. O mais recente inaugurou uma ditadura militar que governou de 1964 a 1985 e matou centenas de pessoas.”

O El País disse que o Brasil deu “um passo importante contra a impunidade” ao condenar o ex-presidente Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. A reportagem também citou a pressão internacional sobre a corte.

“Apesar da forte pressão de Donald Trump nos Estados Unidos, o julgamento continuou. O tribunal brasileiro pretende decidir as sentenças nesta sexta-feira”, afirma a reportagem.

Ainda segundo o jornal, o julgamento é o mais significativo do Brasil nos últimos anos. O El País destacou ainda que o voto decisivo foi dado pela única mulher no STF.

“Embora o plano não tenha conseguido apoio militar suficiente para prosseguir, ele culminou na invasão de prédios do governo pelos apoiadores de Bolsonaro em 8 de janeiro de 2023, concluíram os juízes.”

A emissora britânica destacou que, até o momento, houve apenas um único voto divergente na Corte sobre a trama golpista. A reportagem cita ainda que Bolsonaro sempre afirmou ser inocente.

O argentino Clarín afirmou que o STF já tem os votos necessários para condenar Bolsonaro. O jornal também classificou o julgamento como “histórico” e disse que o ex-presidente pode pegar até 40 anos de prisão.

“A sentença foi decidida pelo voto de cinco juízes: dois já haviam decidido pela condenação, e um terceiro, Luiz Fux, optou pela absolvição e alertou contra um julgamento ‘político’ de Bolsonaro.”

O Clarín afirmou ainda que Bolsonaro está em prisão domiciliar desde agosto e que resolveu não participar das sessões de julgamento por problemas de saúde.

Redação G1

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