Políticos alagoanos criticam gasto em carnaval do RJ citando carências locais

Um dia após desfile que homenageou carnavalesco de Maceió, analistas nacionais já haviam mencionado custo e presença de Arthur Lira
Reprodução com imagens que ilustram ambas as postagens – a de Calheiros e de Barbosa: críticas ao valor gasto no RJ diante de carências locais; ou de valores sequer pagos. (Foto: reprodução)

Depois de colunistas da imprensa nacional destacarem a contradição de Maceió destinar R$ 8 milhões para o carnaval da Beija-Flor, foi a vez de políticos locais endossarem as críticas.

Para os analistas, o destaque maior – além do valor elevado, e de ser dinheiro público – foi a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Mais do que o atual antagonista político do governo e representante da bancada mais fisiológica do Congresso, o Centrão, desfilar pela passarela do samba da Marquês de Sapucaí, foi o cumprimento que prestou a Anisio Abraão David.

Um dos diretores da escola de samba, ele se notabilizou após as prisões – pelo menos seis vezes – e, como contraventor, na condição de um dos cabeças que chefiavam o jogo do bicho na capital fluminense.

Atos de aproximação renderam desgaste até para o puxador de samba oficial da escola, o sambista Neguinho da Beija-Flor: por ocasião do 14º título no carnaval carioca, uma declaração de “eu te amo” dita pelo músico rendeu destaque na imprensa, à época.

Lira não pareceu se importar.

A condição de adversários políticos no reduto alagoano, porém, não deixou por menos – e não se ateve sequer ao cumprimento.

Uma das imagens que ilustram a postagem de Calheiros: fio-condutor foi a analogia com o universo do carnaval das escolas de samba – “os foliões que coreografaram acordos ilegais deliram na avenida”, citou, numa referência ao acordo com a Braskem; “merece nota zero em todos os quesitos”.

Em seu perfil numa das redes sociais mais acessadas em tempos de festa, o senador Renan Calheiros (MDB) trouxe imagens do prefeito de Maceió, JHC (PL), aliado de Lira, com seu principal interlocutor em Brasília (DF), na passarela do samba.

“As vítimas da Braskem estão abandonadas, mas os foliões que coreografaram acordos ilegais deliram na avenida, inebriados pelo dinheiro público”, diz trecho de mensagem de texto que acompanha a imagem de JHC e Lira, juntos, na passarela.

“Preço tem: R$ 8 milhões da prefeitura de Maceió torrados no Rio”, acrescentou Calheiros.

“É desumano e cruel”.

E, em mais uma analogia com o universo das escolas de samba, citou os critérios de julgamento de desfiles, para concluir:

“Merece nota zero em todos os quesitos”.

O presidente estadual do PT, Ricardo Barbosa, também destacou o valor gasto, mas, apontou noutro sentido: comparou o que foi gasto lá, com o deixou de ser aplicado aqui – ou pior: chegou a contratado e teve o serviço, mas, não foi pago.

Na postagem do presidente do PT – e candidato prévio para disputar a Prefeitura de Maceió –, o tom foi de comparar o que foi gasto lá, com o que não é gasto (ou não é pago) aqui.

“R$ 8 milhões para o Carnaval do Rio de Janeiro, enquanto por aqui os artistas locais não são chamados para os festivais, não houve edital para os blocos das prévias e ainda há um calote do prefeito na moçada do forró”, diz texto que acompanha a postagem de Barbosa.

A liderança petista foi indicada, em recente plenária de seu partido, o nome da sigla para disputar a Prefeitura de Maceió este ano.

Em outras palavras: Barbosa deverá enfrentar o prefeito JHC – candidato mais do que virtual à reeleição.

“E sabe o que JHC teve coragem de dizer lá na Sapucaí?”, acrescentou o presidente do PT.

“Resgate da cultura”, respondeu.

“Que incentivo à cultura é esse que não prioriza os fazedores de cultura da nossa terra?”, concluiu.

Leia também