Começou na manhã desta sexta-feira (03) o julgamento do policial militar aposentado Gedival Souza Silva, que matou um motorista da Secretaria de Saúde de Maceió durante uma briga de trânsito.
O caso aconteceu em 2021 no centro de Maceió.
Fábio Jhonata da Silva tinha 26 anos e foi baleado pelas costas.
O júri é conduzido pelo juiz José Braga Neto.
O julgamento deveria ter ocorrido no dia 22 de março, mas foi adiado após o pedido da defesa do réu.
O Ministério Público sustenta a tese de homicídio duplamente qualificado.
“O MP pede a condenação do réu pelo crime de homicídio por motivo torpe e que não deu chance de defesa para a vítima”.
“Fábio foi atingido pelas costas, impossibilitando a sua defesa”, disse o promotor Napoleão.
O advogado de defesa, Carlos Alexandre, disse que acredita que o réu, preso à espera do julgamento, será inocentado.
Ele se baseia na tese de que o militar Gedival Souza não teve intenção de matar e que “ele atirou no calor da emoção diante das circunstâncias que o levaram a se defender”.
“Pensei que ele ia pegar alguma arma”, diz réu
Ao ser interrogado no julgamento, o réu afirmou que atirou preventivamente, pensando que Fábio Jhonata iria pegar uma arma no carro após a discussão.
“Eu o vi agachado no carro, a posição era como se tivesse pegando algo com a mão direita”.
“Eu pensei que ele ia pegar alguma arma, alguma coisa”.
“Eu nervoso e ele também por conta das discussões, eu não sabia o que ele ia pegar”.
“Por isso aconteceu”, relatou o militar Gedival Souza Silva.
O promotor Napoleão Amaral questionou a tese de legítima defesa argumentando que o réu atirou nas costas da vítima.
“Ninguém em plena consciência dá dois tiros nas costas de uma pessoa se ela não tem intenção de matar”.
“Não quer matar?”, enfatizou.
“Com dois tiros nas costas?”
“Ele quer que o Conselho de Sentença acredite na tese de legítima defesa putativa?”
“Com tiros nas costas?”
“Ele achava que essa arma existiu”.
“Mas ela não existiu, não houve legítima defesa”, afirmou o promotor.
O PM aposentado justificou que atirou para acertar nas pernas de Fábio, “para ver se ele parava” no momento em que se dirigiu para o carro.
“Como [ele] estava agachado, não pegou na parte das pernas”.
“No momento, estava juntando pessoas, como ali é no centro da cidade”.
“Imediatamente, com medo de represália, peguei o carro e saí”.
“Eu acredito que corria risco de vida”, disse Gedival.
Família da vítima espera a condenação do réu
Parentes de Fábio compareceram ao Fórum de Maceió para acompanhar o julgamento.
Eles vestiam camisetas e levaram cartazes pedindo por justiça.
Rosângela Joventino, mãe de Fábio, disse que a família espera que o PM seja condenado.
“Eu espero a condenação máxima”.
“Não apenas 17 anos, mas a máxima”.
“Ele agiu de forma covarde, ele não deu defesa para o meu filho”.
“Quero que a justiça seja feita e que ele seja condenado”.
“Ele destruiu os sonhos do meu filho, a minha vida, a da minha família”.
“É uma dor que parece não ter fim”, disse Rosângela.
Ela relembra momentos que viveu com o filho e disse que ele nunca teve inimigos.
“O Fábio era um menino maravilhoso para mim”.
“Ele era muito família”.
“Era um jovem de poucas amizades”.
“Ele gostava muito de estar perto de mim, dos tios, da avó”, disse.