Pescador retira garrafa plástica de dentro de moreia em Maragogi

Peixe foi pescado no povoado São Bento e além da garrafa, também havia uma tampa de metal dentro do animal
Trecho do vídeo mostra momento em que pescador retira garrafa plástica da moreia: “olha a importância de não jogar lixo no mar, está vendo?”, diz o pescador; para pesquisador, além do risco de a ingestão levar à morte tartarugas, golfinhos e peixes, quando não morrem acumulam contaminantes transferidos ao longo da cadeia trófica até atingirem os humanos. (Foto: reprodução)

Pescadores do Povoado São Bento, em Maragogi, litoral Norte de Alagoas, capturaram uma moreia durante uma pesca de rotina na tarde desta terça-feira (8).

E, ao abrir o peixe se depararam com uma garrafa de plástico e uma tampa de metal nas entranhas do animal.

Os pescadores comentaram sobre o problema de jogar lixo no mar.

“Olha a importância de não jogar lixo no mar, está vendo?”, diz o pescador.

Rinaldo Amaro é pescador, conhecido na região como Nador.

Foi ele quem pegou a moreia e abriu o peixe ainda na embarcação, utilizando uma faca de pesca.

Já no primeiro corte é possível ver a garrafa.

Os pescadores ficam surpresos. “Olha o que tem dentro dela: uma garrafa!”, diz um deles.

Nador continua abrindo o peixe, consegue remover o objeto e exibe.

Em seguida, ele encontra a tampa de metal.

O outro pescador, que está filmando, chama atenção para o crime ambiental.

O G1 (responsável por esta reportagem) entrevistou o biólogo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Cláudio Sampaio.

Para ele, o fato é bastante curioso e acredita que a garrafa plástica vazia possivelmente estava flutuando na superfície.

“A moreia tinha um bom tamanho sendo possível ela engolir a garrafa, mas é um comportamento atípico ela sair da toca para comer algo que estava flutuando no mar”.

“Ela pode ter confundido algum com alimento, mesmo não sendo costume dela sair das tocas para comer peixes na superfície do mar”, explicou.

Nador garante que não é história de pescador e que ficou bastante surpreso com o fato.

“Eu estava pescando com espingarda e avistei a moreia nas pedras”.

“Não é todo mundo que gosta de comer não, eu pesquei porque queria comer a carne dela bebendo com meus amigos”, contou o pescador que também trabalha como bugueiro na região.

“Fiquei impressionado, né? Foi a primeira vez que encontrei lixo na barriga de um peixe. Mas eu sempre vejo nas minhas pescarias muito lixo jogado no mar, principalmente plástico boiando. Fico triste com isso”, disse Nador.

O secretário de Turismo de Maragogi, Diego Vasconcelos, disse ao G1 que o município faz um trabalho amplo de conscientização junto a moradores e turistas que visitam a região para que preservem o lugar evitando, entre outras práticas, jogar o lixo na praia, no mar e em locais inadequados.

“É inaceitável o que ocorreu”.

“Nós trabalhamos em duas frentes de limpeza”.

“Uma delas é através de um trabalho de conscientização ao longo do ano, nas escolas do município”.

“A outra frente é limpando as praias através parcerias mensais com ONGs voluntárias e diariamente também com garis voltados exclusivamente para remoção de lixo na praia”.

“Estamos atentos ao total cuidado com o meio ambiente, que é a principal fonte de renda da cidade”, disse o secretário

Espécie vive escondida nos recifes de coral

Cláudio Sampaio explicou que o peixe que aparece no vídeo é uma moreia verde, Gymnothorax funebris, é a maior espécie do Atlântico, podendo alcançar até 2,5 m de comprimento e 30 kg de peso.

Vive entocado nos recifes onde come pequenos peixes e polvos. Apesar da aparência, não é agressivo.

“Os raros casos de acidentes aconteceram quando ela é provocada durante a pesca ou quando um mergulhador coloca a mão na toca que a moreia vive, são relativamente comuns em todos os recifes, mas como vivem entocadas são pouco avistadas durante os mergulhos”, finalizou Sampaio.

“A ingestão de plásticos é um risco de morte as tartarugas, golfinhos e peixes, como no vídeo, que quando não morrem sufocados pelo lixo acumulam contaminantes que são transferidos ao longo da cadeia trófica até atingirem nós, humanos que consumimos peixes”, acrescentou o biólogo.

Heliana Gonçalves — G1 / AL

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