Pela 1ª vez, há mais mulheres no comando da casa Que como esposa do responsável, diz Censo

Alagoas é o sétimo estado com maior percentual de mulheres no comando de casas; dos dez estados com maior percentual, oito são no Nordeste
Segundo o IBGE, no Censo 2022, entre as mulheres, 34% eram as responsáveis da casa, enquanto 25% foram apontadas como cônjuge ou companheira; em 2010, era o oposto: 23% eram as responsáveis e 30%, cônjuges ou companheiras. (Foto: reprodução)

Pela primeira vez, há mais mulheres na posição de comando das casas brasileiras do que como esposa do responsável, revelam os novos dados do Censo 2022 sobre composição familiar, divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre as mulheres, 34,1% são as responsáveis da casa, e 25% foram apontadas como cônjuge ou companheira.

O Censo de 2010 mostrava outro cenário: 22,9% eram as responsáveis, e 29,7%, as cônjuges ou companheiras.

Com isso, a fatia de lares comandados por mulheres cresceu e passou a ser praticamente igual à dos comandados por homens: em 2010, 39% dos lares tinham elas como responsáveis.

Agora, são 49%.

Os homens, que respondiam por 61%, agora estão à frente de 51%.

Para Márcio Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, isso é resultado de uma combinação de fatores que vêm mudando ao longo do tempo.

“O aumento da independência econômica das mulheres, a maior presença no mercado de trabalho e o aumento da renda contribuem para essa questão de identificação como responsáveis [da casa]”, afirma o especialista.

Em 10 estados do país, 8 deles do Nordeste, as mulheres comandam mais da metade das casas.

“Os dados do Censo mostram que a maior parte dessas unidades da federação estão concentradas na Região Nordeste do país. Por outro lado, os menores percentuais são encontrados em Rondônia, com 44,3%, e em Santa Catarina, com 44,6%”, diz a analista do IBGE Luciene Longo.

Estados com maioria das casas comandadas por mulheres

Pernambuco  53,9%

Sergipe           53,1%

Maranhão      53%

Amapá            52,9%

Ceará  52,6%

Rio de Janeiro           52,3%

Alagoas          51,7%

Paraíba           51,7%

Bahia  51,0%

Piauí   50,4%

O Censo mostrou ainda que, em 29% das casas onde as mulheres são as responsáveis, há a presença de um filho e ausência de cônjuge.

Ou seja, em cerca de 3 em cada 10 lares brasileiros, as mulheres são mãe solo.

No caso dos domicílios onde o homem é responsável, só 4,4% estão nessa categoria.

Cresce o número de mulheres à frente dos lares, diz Censo

Divisão de acordo com o número de moradores

O Censo também analisou o tamanho das casas brasileiras em relação ao número de moradores:

Número de moradores nas casas brasileiras

Até 3 moradores       72,4% dos lares

Com 4 moradores     16,9% dos lares

Com 5 moradores     6,7% dos lares

Com 6 moradores ou mais  4% dos lares

Fonte: IBGE

Nessa categoria, as diferenças por gênero dos responsáveis não são significativas, mas são mais marcantes quando consideramos cor ou raça.

Entre as mulheres pretas que comandam casas, 6% delas estão à frente de lares com mais de seis pessoas.

Já entre homens brancos, o percentual cai para 2,4%.

Pardos superam brancos como responsáveis pela casa

Pela primeira vez, os pardos (43,8%) superaram os brancos (43,5%) como os responsáveis pela casa.

A mudança acompanha outros dados já revelados pelo Censo 2022, que mostra que o número de brasileiros que se declaram pardos se tornou o maior grupo racial do país.

Divisão da população brasileira por raça

Pardos            45,3% (ou 11,9% a mais que em 2010)

Brancos          43,5%

Pretos 10,2%

Indígenas       0,8%

Amarelos       0,4%

A definição da cor ou raça no Censo é feita por autodeclaração.

Ou seja, o morador entrevistado identifica a si mesmo de acordo com uma de cinco alternativas: branca; preta; amarela; parda; ou indígena.

Havia a opção de não declarar a raça, mas só 0,005% dos entrevistados decidiram assim.

Veja outros destaques dos dados do Censo sobre os lares brasileiros

No Brasil, há 72 milhões de lares — ou 15 milhões a mais que os 57 milhões revelados pelo Censo de 2010.

O número médio de moradores caiu de 3,3 (em 2010) para 2,8 (em 2022).

O número de pessoas morando sozinhas cresceu em todas as faixas etárias no país.

Diminuiu o número de casais com filhos e cresceu o de casais sem filhos.

Os lares homoafetivos saltaram de 59 mil para 391 mil em 12 anos.

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Paula Paiva Paulo — G1 / São Paulo

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