Ocupantes de motocicletas são quase 60% das mortes por acidentes em Alagoas

Dados foram divulgados pela campanha Maio Amarelo – maior número de mortes está concentrado em 14 municípios do Sertão
Das 580 mortes por acidentes de trânsito registradas em Alagoas no ano passado, 344 foram de ocupantes de motocicletas e triciclos. (Foto: reprodução / Carla Cleto)

Entre as 580 mortes por acidentes de trânsito registradas em Alagoas durante todo o ano passado, 344 foram de ocupantes de motocicletas e triciclos, o que representa 59,3% das vítimas fatais.

Os dados, divulgados nesta quarta-feira (29), em meio à Campanha Maio Amarelo, são do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS) e, diante deles, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) alerta a sociedade sobre a importância de seguir as leis de trânsito, visando reduzir a letalidade nas ruas e estradas.

Ainda segundo os dados do SIM/MS, os 14 municípios alagoanos que compõem a IX Região de Saúde, foram os que mais registraram mortes de ocupantes de motocicletas e triciclos por sinistros de trânsito em 2023, com 23,2 para cada 100 mil habitantes.

Algo em comum entre essas cidades é que todas são do Sertão de Alagoas, onde muitos motociclistas pilotam motos sem a utilização de capacetes e, em alguns casos, até mesmo sem possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Formam a IX Região de Saúde de Alagoas os municípios de Canapi, Carneiros, Dois Riachos, Maravilha, Monteirópolis, Olho D’água das Flores e Olivença. Integram ainda esta região, as cidades de Ouro Branco, Palestina, Pão de Açúcar, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São José da Tapera e Senador Rui Palmeira.

Os 14 municípios alagoanos que compõem a IX Região de Saúde, situados no Sertão de Alagoas, foram os que mais registraram mortes de ocupantes de motocicletas e triciclos em 2023

A título de comparação, em 2022, os dados apontam que 63% das mortes por acidentes de trânsito em Alagoas foram de ocupantes de motocicletas e triciclos. Portanto, houve uma redução de 3,7% em 2023, na comparação com o ano anterior.

Apesar da pequena queda no índice, o número ainda preocupa as autoridades que atuam nos órgãos de trânsito e da Sesau, uma vez que as vítimas de acidentes, quando não morrem no local do sinistro, são levadas às unidades de saúde para receberem atendimento.

A gerente de Vigilância e Controle de Doenças não Transmissíveis da Sesau, a assistente social Rita Murta, destaca que a pasta tem contribuído com outros órgãos estaduais e municipais para a promoção de um trânsito mais seguro para todos.

“É assustador a quantidade de motociclistas que são atendidos na Rede de Saúde Pública Estadual e é fundamental conscientizar os motociclistas sobre a necessidade de usar os equipamentos obrigatórios”.

“É muito comum a gente observar pessoas em motos sem o capacete, principalmente nas cidades do interior. Isso aumenta, e muito, o risco de morte em um acidente”, afirma.

Quanto ao perfil das vítimas fatais por acidentes de trânsito em Alagoas no ano passado, 86% foram homens, com a faixa etária de 20 a 39 anos, correspondendo a 46,9% das mortes

Perfil das vítimas

Quanto ao perfil das vítimas fatais por acidentes de trânsito em Alagoas no ano passado, 86% foram homens, com a faixa etária de 20 a 39 anos, correspondendo a 46,9% das mortes. Do total, 40% entraram em óbito ainda na via onde aconteceu o sinistro, ou seja, nem chegaram a ser socorridos com vida para hospitais ou Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) das Redes Estadual, Municipal e Privada de Saúde.

O secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, ressalta que os motociclistas que sofrem acidentes de trânsito podem ficar com graves sequelas para o resto da vida.

“Por ser ortopedista já atendi várias pessoas que se acidentaram e enfrentaram sérios problemas motores depois de se lesionarem, muitos ainda jovens, com anos de vida pela frente e que foram impactados negativamente, até receberam assistência, mas depois evoluíram para óbito”.

“Por isso, é de suma importância que condutores e pedestres tenham um comportamento responsável para que tenhamos um trânsito mais seguro”, frisou o gestor da saúde estadual.

Os principais fatores de risco para o acontecimento de acidentes de trânsito são excesso de velocidade, uso de aparelhos eletrônicos durante a condução e falta de atenção.

Aliados a estes três atos de negligência, está a ingestão de bebidas alcoólicas e a não utilização de itens obrigatórios, como capacetes, cintos de segurança e sistemas de retenção para crianças e recém-nascidos nos veículos, conforme pontua o secretário de Estado da Saúde.

Josenildo Torres, Daniel Tavares

Leia também