“Morte de PC Siqueira foi um assassinato induzido”, diz Paulo Moreira Leite

"Todos que colaboraram para essa situação devem ser responsabilizados. A gente não pode responsabilizar o suicida pelo suicídio", afirmou o jornalista
Jornalista e youtuber: “fica evidente que vivemos em uma sociedade onde as pessoas estão expostas a campanhas covardes, desonestas e que podem repentinamente se sentir fragilizadas, incapazes de suportar a pressão”, disse Paulo Moreira Leite. (Foto: reprodução)

O jornalista Paulo Moreira Leite cobrou a responsabilização de todos os envolvidos no que chamou de “assassinato induzido” do youtuber e influenciador PC Siqueira, encontrado morto nesta quarta-feira (27) pela polícia em seu apartamento.

Ele tirou a própria vida na frente da ex-namorada.

“Tudo indica que essa campanha covarde contra o PC Siqueira, uma campanha mórbida, com base em acusações terríveis que jamais foram demonstradas, induziram a pessoa ao suicídio”, comentou Moreira Leite.

PC Siqueira foi alvo de diversas campanhas de ódio ao longo dos anos nas redes sociais.

A mais grave delas resultou em acusações infundadas – e jamais comprovadas – de pedofilia.

“Se a gente levar em conta a sociedade que nós vivemos, uma sociedade midiatizada, em que tudo aquilo que se faz, se diz e se comenta vira assunto de todos e circula de maneira impune, seja na forma de boato, que machuca da mesma maneira, ou não, mas você vai criando uma situação da qual a pessoa não consegue se defender, não consegue sustentar”, disse.

“Fica evidente que vivemos em uma sociedade onde as pessoas estão expostas a campanhas covardes, desonestas e que podem repentinamente se sentir fragilizadas, incapazes de suportar a pressão e, infelizmente, cometer um gesto desse, que é a última decisão que a pessoa pode tomar”, enfatizou o jornalista.

“É uma falsa saída o suicídio, mas há momentos em que você entende que a pessoa não conseguiu resistir”.

“Todos que colaboraram para essa situação devem ser responsabilizados, porque é vergonhoso uma pessoa ter sua honra e sua dignidade comprometidas de uma forma que a vida se torna insuportável, que ela prefira morrer”, afirmou o jornalista.

Ele ainda destacou que “a gente não pode responsabilizar o suicida pelo suicídio”. Paulo Moreira Leite enfatizou que as campanhas de ódio contra PC Siqueira objetivavam eliminar do debate público uma “voz dissidente”.

“Estamos falando de um assassinato induzido”, declarou.

“Se fez uma campanha contra uma pessoa que foi sendo fragilizada, destruída, não encontrava meios de se defender, e o único meio de ela preservar algo de sua dignidade é tirar a própria vida. Isso é terrível. Isso é um assassinato induzido”.

“E nós vivemos em um mundo em que isso é possível, em que isso é cometido impunemente”.

“O roteiro é de eliminação de uma voz dissidente, de uma voz que não se enquadra, de um personagem que é inconveniente para as pessoas capazes de induzir sua morte”.

“E como se comete esse assassinato? Explorando sua própria fragilidade, fazendo mentiras que a pessoa não tem como se defender. Quem já enfrentou uma campanha dessas sabe que você não tem como se defender”.

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