O ministro da Defesa, José Múcio, disse ver como “manobra política” as ameaças de invasão do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, à Guiana e não se mostrou preocupado com a possibilidade de confronto entre os vizinhos.
Em almoço com jornalistas, ele foi incisivo: pelo Brasil, as Forças Armadas da Venezuela não passam.
Desde que venceu um referendo que reconheceu a região guianesa de Essequibo como pertencente à Venezuela, Maduro tem ameaçado o país vizinho de invasão para tomar uma área de 160 mil km², rica em petróleo e gás natural.
O problema é que, dada as condições geográficas, o Exército venezuelano teria de atravessar por território brasileiro, em Roraima. Múcio descarta
O encontro com jornalistas foi na sede da Marinha em Brasília (DF), na manhã desta segunda-feira (11), e o Ministro da Defesa do Governo Lula, José Múcio Monteiro, afirmou que o Brasil não permitirá que o exército de Nícolas Maduro entre em solo brasileiro para invadir a Guiana.
Segundo o ministro, “em hipótese nenhuma” isso acontecerá.
O ministro ainda classifica como uma “insensatez” e “manobra política” de Maduro a ameaça de invasão ao território para recuperar o Essequibo, região que representa mais de 70% do território da Guiana.
“Eles só chegarão pela Guiana se passassem pelo território brasileiro, e nós não vamos permitir em hipótese nenhuma”, disse o ministro da Defesa aos presentes.
Mucio explica também a impossibilidade de uma invasão por meio do mar. Segundo o ministro, o caminho pelo mar é inóspito, com uma floresta gigantesca e a topografia é uma catástrofe.
“Não dá para chegar por lá. Tem 127 mil homens das forças [armadas da Venezuela], e a Guiana tem 3,7 mil. Isso é uma coisa que [mostra que] o embate não acontecerá, Guiana versus Venezuela. E o Brasil não vai se envolver em hipótese nenhuma”, afirma.
“(Se tentar entrar) vai mexer com a América do Sul, não só com Brasil, vai mexer com todo mundo, comunidade internacional. No momento que teve autorização para o processo para licitar os poços de petróleo que já haviam sido licitados, foram ganhos por empresas americanas, eu acho que tem uma provocação internacional aí. Na hora que ele resolveu sentar-se, não acredito que ele vai se sentar e dizer: ó, na próxima semana estou aqui para tomar conta. Temos esperança de que ele não vá comprar uma briga desse tamanho, o que seria uma insensatez”, analisou Mucio.
Em 3 de dezembro, Maduro realizou um referendo na Venezuela que tratou da anexação do Essequibo A partir daí, a diplomacia brasileira entende que a situação se agravou. O Ministério da Defesa reforçou o contingente militar na região, com tropa e blindados.
Na próxima quinta-feira (14), os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e Guiana, Irfaan Ali, irão se reunir para tratar sobre a disputa pela região.
O assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, deve representar Lula no encontro. Mucio diz ter esperança de que seja encontrada uma solução neste encontro. A reunião está sendo intermediada pelo presidente de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves.
Com DiviNews; Carla Araújo e Lucas Borges Teixeira – colunista do UOL e UOL/Brasília