Ministro Alexandre de Moraes diz que solicitação ao TSE era o caminho mais eficiente

“Não há nada a esconder”, diz ministro, na primeira declaração sobre o caso de uso do TSE fora do rito para investigar bolsonaristas
Ministro Alexandre de Moraes durante sessão plenária no Supremo Tribunal Federal (STF). (Foto: reprodução / Carlos Moura / SCO / STF)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), falou pela primeira vez publicamente, nesta quarta-feira (14), sobre o caso de que teria usado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fora do rito para investigar bolsonaristas.

“Nenhuma das matérias preocupa meu gabinete, me preocupa, ou a lisura dos procedimentos”.

“Todos os procedimentos foram realizados no âmbito de investigações já existentes”, disse Moraes.

Segundo Moraes, “não há nada a esconder”.

O ministro afirmou que todos os documentos ou relatórios pedidos ao órgão de combate à desinformação do TSE se referiam a pessoas já investigadas pelo STF

A fala foi proferida no começo da sessão plenária do Supremo.

Antes, os ministros Roberto Barroso, presidente do STF, e Gilmar Mendes, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também fizeram manifestações em seu apoio.

O magistrado também afirmou que as investigações dos casos ocorriam sob responsabilidade da Polícia Federal (PF) e com acompanhamento da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Conforme Moraes, acionar diretamente o órgão do TSE era o “caminho mais eficiente” para a investigação na ocasião.

A outra opção seria demandar informações à PF.

De acordo com o ministro, a corporação “num determinado momento pouco colaborava com as investigações”.

“Eu, como presidente do TSE, determinava à assessoria que realizasse o relatório”.

“O relatório, realizado oficialmente, ficava e fica nos arquivos do TSE e era enviado ao STF”.

“Enviado e protocolado no inquérito e na investigação específica”.

“Dado imediatamente ciência à PGR e remetido à Polícia Federal para continuidade das investigações”, declarou o ministro.

“Seria esquizofrênico eu me auto oficiar, até porque como presidente do TSE, no exercício do poder de polícia, eu tinha o poder pela lei de determinar a feitura dos relatórios”, disse.

Moraes também afirmou que os relatórios desmandos ao TSE visavam a registrar publicações nas redes sociais antes de serem eventualmente apagadas pelos usuários.

O magistrado afirmou que os relatórios solicitados ao TSE reuniam publicações com teor golpista e antidemocráticos.

“Todos eles diziam sobre o quê?

“Sobre gabinete de ódio, sobre fraude nas urnas eletrônicas, tentativa de golpe, o chamamento ao que depois ocorreu em 12 de dezembro, com a depredação da sede da PF, aquele ônibus que foi incendiado em Brasília, a glorificação da tentativa de bomba no aeroporto de Brasília na véspera do Natal, a tentativa de tumultuar a posse do presidente da República.”

Moraes também agradeceu aos ministros Barroso e Gilmar e ao PGR Paulo Gonet pelas declarações em seu apoio, feitas no começo da sessão.

“Lamento que interpretações falsas, errôneas, de boa ou má-fé, acabem produzindo o que precisamos combater nesse país, que são notícias fraudulentas”, afirmou.

Lucas Mendes, Patrícia Nadir — CNN / Brasília

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