Coluna do jornalista Carlos Madeiro no portal UOL traz denúncia de mortandade na lagoa Mundaú.
O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas colheu amostras de água da lagoa Mundaú para investigar a causa da morte de milhares de peixes entre sábado e ontem.
Um vídeo feito nas redes sociais mostra uma área às margens da lagoa repleta de peixes mortos boiando.
“Olha que malvadeza com os pescadores”, diz uma voz de mulher, da pessoa que gravou o vídeo.
“Com certeza, o sururu [principal espécie pescada na lagoa] também vai morrer”, diz.
A coluna apurou que mais peixes foram achados mortos em outros pontos da lagoa entre sábado (30) e ontem (1º) em Maceió.
Também houve mortandade de peixe no município vizinho de Coqueiro Seco.
Historicamente poluída, a lagoa Mundaú é a mesma em que a mina 18 da Braskem colapsou no último dia 10; o que levou o município de Maceió a decretar emergência.
No vídeo, a mulher cita a Braskem, que segundo ela deveria ser alvo de protesto pelos problemas que estaria causando na lagoa e afetando a vida de pescadores.
A Braskem informou à coluna do jornalista Carlos Madeiro que “não faz lançamento de qualquer efluente na lagoa.”
“O trabalho realizado pela Braskem na região está relacionado com o fechamento dos poços para extração de sal e todas as atividades são devidamente licenciadas e fiscalizadas”, diz.
A empresa diz ainda que os resultados do monitoramento da água na lagoa produzidos até o momento “não indicam alteração no padrão típico de qualidade”.
A empresa cita também o estudo de IMA e da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), que apontou que “a situação [de poluição] é antiga e não está relacionada à acomodação do solo na região da cavidade 18.”
“Segundo eles [pesquisadores], o grande causador é o lançamento de esgoto não tratado e de produtos químicos.”
Em 18 de dezembro, técnicos do IMA e da Ufal presentaram um relatório com resultados parciais de pesquisa sobre qualidade da água da lagoa após o rompimento da mina 18.
Segundo o documento, não houve alterações percebidas.
A empresa explorou sal-gema por mais de 40 anos às margens da lagoa, levando ao afundamento do solo em cinco bairros e à remoção de 60 mil pessoas de uma área que corresponde a cerca de 5% da cidade. A suspeita de crimes ambientais é investigada pela Polícia Federal.
Investigação
Em nota, o IMA explicou que recebeu a denúncia das mortes de peixes na lagoa por meio de um vídeo enviado a um canal de denúncias.
“Ainda no domingo (31), técnicos do laboratório do instituto começaram a percorrer e colher água em vários trechos da lagoa —o que ocorreu até ontem (1º)”.
“Foram colhidas amostras que vão passar por análise laboratorial. O IMA segue monitorando a qualidade da água da Laguna Mundaú e pede que a população utilize os canais de denúncia, a exemplo do aplicativo IMA Denuncie”, diz o IMA.
Carlos Madeiro – colunista do UOL