Ganhou repercussão na imprensa informação trazida pelo blog sobre o mais recente movimento no conturbado processo em que as empresas de Collor tentam fugir da falência.
O periódico “O Dia” reproduziu material produzido por este espaço: o espólio do falecido empresário Pedro Collor entrou com pedido à Justiça alagoana para deixar de figurar como sócio das empresas.
Espólio é a instituição jurídica responsável pelos bens de alguém, após sua morte – e no caso do empresário, tem como inventariante (pessoa que está à frente), Fernando Lyra Collor de Mello, filho de Pedro com Thereza Collor.
O grupo de comunicação, que sob a administração do empresário morto em 1994, era seguramente um dos mais poderosos do Nordeste – tanto sob a óptica de abrangência em diferentes mídias, quanto comercial, política e economicamente –, hoje está à beira da insolvência, devido à “queda na receita publicitária, aumento da concorrência, mudança no perfil dos consumidores, obsolescência tecnológica, má gestão, desvios de recursos, fraudes contábeis, sonegação fiscal, entre outros, fatos que vem amplamente sendo noticiado”.
O motivo das aspas é que o texto não é nosso; está na petição (pedido, no jargão jurídico) de advogados que representam os inventariantes, e em que solicitam exclusão do espólio de Pedro Collor da condição de sócio.
Como citado em “Notícias do Planalto”, livro do jornalista Mário Sérgio Conti, à época do apogeu, a TV Gazeta detinha equipamentos que a própria unidade da rede à qual é afiliada – a Globo Nordeste, com sede em Olinda (PE) – não possuía.
Hoje, a pujança está no grupo que pode assumir a condição de retransmissora do sinal mais cobiçado no país em Alagoas.
E intenção de se manter ligada à Gazeta, a Globo já enfatizou – e bem enfatizado! – que não tem.
O motivo do pedido feito pelo espólio de Pedro Collor é que teme ter que arcar com pagamento de dívidas do grupo de comunicação, diante das ações em que advogados de credores passam a focar no patrimônio dos sócios – e não apenas no da empresa.
Jurista ouvido pelo blog citou que os sócios podem pedir sua exclusão de uma sociedade “a qualquer tempo” – exceto quando a empresa estiver sob recuperação judicial, caso das empresas de Collor.
Na petição, os advogados do espólio de Pedro Collor alegam ter feito o pedido de exclusão por diversas vezes, mas, não foram atendidos – “protelar é o verbo conjugado pelas empresas”, dizem, ainda, os advogados do espólio.
E num processo com tantos reveses – aliás, numa empresa com tantos outros; em que donos já foram “demitidos” por torná-la mais eficiente –, a família do empresário que a tornou o que – ainda – é acaba se mostrando em situação análoga a de muitos credores, que veem pedidos não atendidos e os responsáveis empurrando com a barriga.
Por fim, em contato com o empresário e editor do periódico, jornalista Deraldo Francisco – por dever de cortesia pela republicação – expressei outro aspecto.
Sem mesuras por afagos – posto que não carece –, tive o prazer de dividir com o jornalista que hoje dirige sua própria equipe a redação do saudoso O Jornal, em que consolidou seu nome como o que reunia as condições de melhor repórter investigativo, mais destemido e emprenhado em defender os menos favorecidos ante abusos legais (bem mais frequentes à época – vide casos como a Tragédia do Solaris e o de uma mulher presa furtando, na época, toca-fitas, no Centro de Maceió, que se fingiu de morta, para não ser executada, como foi o companheiro, na gestão do ex-secretário Coronel Amaral).
Confessei: (sem também desmerecer as mídias eletrônicas) uma notícia em mídia impressa, na página de um jornal, tem um ar diferente.
Que atirem a primeira pedra os contemporâneos, mas, saudosos da página de um belo standard (o formato de jornal) ou mesmo dos tabloides não deixarão de enxergar diferente – a exemplo dos olhinhos como os do emoji das redes sociais.