Lula chama ministros para reunião em meio à crise da Petrobras

Ministros Haddad, Rui Costa e Alexandre Silveira devem falar sobre a situação do presidente da empresa petrolífera, Jean Paul Prates
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva: em pleno domingo, convocação de ministros para tratar de crise na estatal, após anúncio de saída de dirigente; Jean Paul Prates tem divergências com dois ministros. (Foto: reprodução)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou três ministros para conversar sobre a crise na Petrobras.

O encontro acontece na noite deste domingo (07), no Palácio do Alvorada.

Os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, devem participar do encontro.

O titular da Fazenda, Fernando Haddad, foi chamado de última hora pelo presidente.

A reunião acontece em um contexto de crise na presidência da Petrobras, chefiada por Jean Paul Prates.

Com chances de sair do comando da estatal, Prates vai se encontrar com Lula no início desta semana.

Uma das brigas mais recentes entre a direção da Petrobras e o governo Lula foi sobre a posição de Prates a favor de uma maior distribuição dos dividendos extraordinários da Petrobras para os acionistas, que são os valores pagos quando a empresa tem um resultado acima do esperado.

Contexto

A principal fonte de instabilidades para a permanência de Jean Paul Prates na presidência da Petrobras tem origem clara: integrantes do próprio governo.

O atual líder da estatal tem entre seus opositores mais notórios os ministros Alexandre Silveira, das Minas e Energia, e Rui Costa, da Casa Civil.

Nas últimas semanas, contudo, o fogo amigo contra Prates intensificou-se, e as ameaças contra a sua permanência no cargo atingiram novo patamar no governo Lula.

Nesse caso, a desavença foi resultado da posição do CEO sobre a distribuição dos dividendos extraordinários da Petrobras, adotada no início de março.

Prates era favorável a uma maior distribuição desses dividendos aos acionistas. Lula e Silveira tinham posição contrária.

Em 8 de março, uma sexta-feira, porém, as ações da petroleira desabaram na Bolsa brasileira (B3), quando foi anunciada a decisão de reter o repasse de dividendos.

O choque da informação resultou numa perda de quase R$ 56 bilhões em valor de mercado da petroleira.

Por causa do mesmo problema, Prates também foi contestado por representantes de petroleiros – os funcionários têm direito a um lugar no Conselho de Administração da empresa.

Polêmica sobre dividendos

No início de março, a diretoria da Petrobras enviou ao Conselho de Administração da empresa proposta para pagar 50% dos R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários aos acionistas.

A outra metade da quantia seria retida pela estatal. Em tese, a solução agradava a gregos e troianos.

O conselho, porém, decidiu segurar toda a bolada em um fundo de reserva. Segundo o estatuto da companhia, esse fundo deve ser usado para remunerar os acionistas ou, se necessário, cobrir eventuais prejuízos da empresa.

A proposta ainda precisa ser aprovada pela Assembleia Geral Ordinária, que reúne os acionistas da Petrobras, em 25 de abril.

Na quinta-feira (04), as ações da Petrobras voltaram a oscilar fortemente com novos rumores sobre a saída de Prates da Petrobras.

A petroleira, contudo, não é o único alvo do governo Lula em suas tentativas de influenciar na gestão de companhias.

A Vale passou recentemente por situação semelhante.

Ela também sofreu forte baque no valor de mercado em março.

Thalys Alcântara

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