Lobão poderia sofrer de “fogo aliado”

Pré-candidato poderia ofuscar o nome de seu grupo que suas lideranças querem na Prefeitura
Euripedes Junior, presidente nacional do Solidariedade; Adeilson Teixeira, presidente do Solidariedade Alagoas; Lobão, pré-candidato; Marília Arraes, presidente regional do Solidariedade Nordeste, e Maria Aparecida, secretária nacional do Solidariedade Mulher. (Foto: reprodução / divulgação / Solidariedade)

O pré-candidato a prefeito de Maceió pelo Solidariedade Lobão poderia ser levado a declinar da escolha de concorrer à Prefeitura de Maceió.

E a suposta decisão teria a ver com a liderança da aliança política da qual faz parte seu partido, o Solidariedade.

A frente inclui o governo do Estado – leia-se MDB e, em particular os Calheiros.

A desistência a pedido – traduzindo para o jargão político: por pressão externa – não se daria por falta de viabilidade eleitoral, mas, justamente pelo contrário.

Conjuntura apurada pelo blog no cenário político de Maceió, a circunstância se desenha justamente porque o ex-vereador e ex-deputado estadual vindo da suplência poderia não apenas ofuscar, como comprometer o desempenho eleitoral do candidato oficial do partido governista, o deputado federal Rafael Brito (MDB).

O desafio dos desafiantes na corrida pela Prefeitura de Maceió é a condição de virtualmente reeleito de JHC (PL), que tem a seu favor estar na capital mais conservadora do Nordeste (única na região em que o ex-presidente Jair Bolsonaro venceu por duas eleições e que lhe concedeu, com protesto e tudo, o título de cidadão honorário), e o apelo midiático da cadeira gigante ao desfile da Beija-Flor.

Se a escola de samba carioca amargou o pé-frio do prefeito, a exposição na mídia nacional não com o desfile, mas, com a repercussão – bem negativa, frise-se – de Maceió ter torrado R$ 8 milhões dos cofres municipais no desfile para, na verdade, fazer a festinha de carnaval de JHC e Arthur Lira, garantiu exposição a JHC.

Garantiu munição para opositores. Disso não há dúvidas.

Mas, a máxima atribuída ao ditador de Uganda Idi Amin Dada é uma das mais válidas em tempos de eleição: “falem de mim – falem bem de mim ou falem mal de mim, porém, falem de mim”.

Disso, também, haverá poucas dúvidas.

Ou como indaguei de analista político, em noticioso de entrevistas que apresentava: o que deve mais pesar para o eleitor de Maceió – trazer Gusttavo Lima ou gerenciar a administração de serviços públicos sob responsabilidade municipal.

A resposta é óbvia, né?

Trazer Gusttavo Lima.

Não estamos comparando os dois políticos por aí – nem usando a régua de JHC para medir Lobão.

Entre os projetos que apresentou como vereador – mandato que lhe veio na condição de mais votado, no pleito de 2016 –, estão as medidas legislativas que levaram à construção dos, à época, tão reivindicados banheiros da orla.

E entre os que apresentou no curto período em que foi deputado estadual, após a eleição de Paulo Dantas (MDB), para a vaga deixada pelo então governador Renan Filho (MDB), foi a autorização para produção de medicamentos à base de canabidiol em Alagoas.

Que, pela relevância, o presidente da Assembleia, deputado Marcelo Victor (MDB), fez questão de sancionar em plenário, na bancada ocupada pelo então deputado – em vez de fazê-lo, usando da atribuição do cargo, na Mesa diretora.

O que se trata é de exposição, apelo de mídia e eleitoral – os trunfos de JHC e de Lobão, que os colocam em certa vantagem em relação aos demais nomes.

Afinal, analistas bem mais embasados haverão de concordar que, seja como voto de protesto, seja por quaisquer outros fatores, foi a figura pitoresca do produtor de vídeos e músico de banda de rock de nome controvertido que lhe garantiram os mais de 24 mil votos que o levaram à Câmara (dez mil a mais que o segundo colocado).

Além, claro, do trabalho social que faz nos bairros da região central de Maceió onde atua – o que é reconhecido por eleitores ou não.

Aliás, avaliação de aliados é de que, caso os adversários – no caso, o campo do prefeito JHC – venham a suscitar o conteúdo dos vídeos ou a produção musical do político antes de mau sinal, será interpretado como o inverso: que ele estará incomodando, que estará dando trabalho.

A figura pitoresca vai dando lugar à de político mais convencional: a começar pelos cabelos longos – que ostentou até no mandato de deputado estadual.

Para um pretendente a prefeito de Maceió tiveram que ceder espaço ao corte menos roqueiro.

O que pode levar até a se questionar: em quem será que o eleitor vai votar, o Lobão de visual novo vai querer fazer alusão ao do passado, aliás, a mudança vai interferir, e quanto?

O blog procurou o presidente do partido Solidariedade, Adeilson Bezerra.

Ele reafirmou a condição de pré-candidato de Lobão, inclusive, relembrando a cerimônia de apresentação do nome, realizada há cerca de duas semanas, no Hotel Ritz, com as presenças do presidente e vice nacionais da legenda – Eurípides Júnior e Paulinho da Força, respectivamente –, quando o partido também anunciou o ex-deputado Tarcizo Freire como pré-candidato à Prefeitura de Arapiraca.

“Ele tem a chancela, tem o aval da direção nacional”, ratificou Bezerra, confirmando o nome de Lobão.

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