Lideranças políticas e institucionais de todo o país foram às redes sociais para marcar a passagem do 31 de março, dia do golpe que instaurou a ditadura militar (1964–1985).
De publicações com tons mais fortes de repulsa aos chamados “anos de chumbo”, pelas perseguições, prisões políticas, censura e, sobretudo, tortura, morte e desaparecimento de presos, opositores ao regime, aos que preferiram enaltecer a importância da democracia, as publicações mesclaram o enfoque.
Mas, não deixaram de ser feitas.
A ex-presidente Dilma Rousseff escreveu:
“Manter a memória e a verdade histórica sobre o golpe militar que ocorreu no Brasil há 60 anos, em 31 de março de 1964, é crucial para assegurar que essa tragédia não se repita, como quase ocorreu recentemente, em 8 de janeiro de 2023”, diz trecho de mensagem em sua conta na rede X (antigo Twitter).
“Forças reacionárias e conservadoras se uniram, rasgaram a Constituição, traíram a democracia, e eliminaram as conquistas culturais, sociais e econômicas da sociedade brasileira”, acrescentou.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez postagem, com mensagem de vídeo, nesse sábado (30).
E o tom escolhido pelo chefe do Executivo brasileiro, que destacou mais o feriado da Páscoa – mas, em especial, a ideia de não levar adiante programações oficiais de repudio à ditadura – surpreenderam e, segundo analistas, causaram insatisfação entre assessores do primeiro escalão do governo federal.
O presidente do STF, ministro Luíz Roberto Barroso, também destacou o cunho religioso do Domingo de Páscoa.
“31 de março de 2024: um dia para celebrar a Páscoa, a ressurreição, os bons sentimentos de renovação e esperança e, também, para lembrar do que nunca podemos esquecer: de como a democracia é valiosa e nossa liberdade, nossos direitos e nossas garantias fundamentais são a essência de uma vida verdadeiramente digna nesse país”, escreveu, sem fazer menção direta ao golpe de 64 ou à ditadura.
“Feliz Páscoa, democracia sempre!”, concluiu.
Porém, o deputado federal Paulão (PT), trouxe publicação com fotografias de alagoanos e opositores do regime de 64 de outros estados mortos ou desaparecidos durante a ditadura militar.
Entre os quais, o parlamentar presta homenagem às memórias dos alagoanos Gastone Beltrão e Jayme Miranda.
“31 de março não é só dia para homenagear a morte daqueles que lutaram pela liberdade durante a ditadura militar, mas, também para repudiar qualquer comemoração, fala ou evento de apoio a esse período que nosso país viveu por 21 anos”, diz texto que acompanha a publicação.
“Um golpe responsável por assassinar e desaparecer com os corpos de 436 pessoas e 8 mil indígenas, além de perseguir ou prender outras 70 mil”, enfatizou.
“É fundamental manter acesa a memória dos heróis que deram duas vidas pela democracia e liberdade”.
E finalizou:
“Hoje, sob o governo do presidente Lula, fortalecemos cada vez mais a democracia, pois, como ele mesmo lembrou no dia de sua posse: ‘sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ditadura nunca mais! Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: democracia para sempre!’”
“E assim será, o verdadeiro Brasil, o nosso país, que pertence a todos os brasileiros e brasileiras”, finaliza.