Uma jovem de 22 anos morreu, no Hospital Regional de Arapiraca, após colocar um Dispositivo Ultrainterino (DIU), no município de Junqueiro.
Ela foi identificada apenas como Karine e, segunda a declaração de óbito emitida pela unidade de saúde, morreu devido a uma infecção generalizada.
De acordo com a mãe de Karine, Maria das Graças da Silva, a filha colocou o DIU no dia 22 de maio na Unidade Básica de Saúde (UBS) Sebastião Cândido Alexandre.
Após o procedimento, ela começou a se queixar de dores abdominais.
“Ela já chegou com dor”.
“No segundo dia [após colocar o dispositivo], do mesmo jeito”.
“Aí, no terceiro dia, ela foi para o hospital de Junqueiro, tomou umas injeções e voltou para casa”.
“Depois voltou de novo [para a unidade de saúde], tomou outras injeções e voltou para casa”.
Após idas e vindas, Karine foi internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para realizar ultrassom com suspeita de apendicite e depois de realizar alguns exames, foi encaminhada para o Hospital Regional de Arapiraca.
“O médico fez a cirurgia e viu que não era apendicite”.
“Tinha um edema na barriga dela, com secreção e pus”.
“Chamaram o médico, que retirou o DIU e ela foi diretamente para a UTI [Unidade de Tratamento Intensivo]”, afirmou a mãe da jovem.
Dona Maria das Graças acredita que houve negligência médica durante o processo.
“O médico falou que foi infecção generalizada, que pode ter acontecido quando foi colocado esse DIU, porque ela não tinha infecção nenhuma, inflamação nenhuma”.
“Como foi que isso ‘entrou’ do dia para noite, para acontecer isso com ela?
“Se tivessem trabalhado e levado ela dois dias antes, o médico disse que ela poderia está salva hoje”.
“Mas que pena que hoje a minha filha está debaixo do chão”
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a paciente realizou todos os exames necessários para colocar o DIU.
“Ela foi consultada em uma Unidade Básica de Saúde de referência dela, por uma profissional de enfermagem, por uma enfermeira capacitada para a realização da inserção do DIU”.
“Antes de realizar o procedimento ela realizou uma bateria de exames, conforme recomendações técnicas e inseriu o DIU conosco em uma Unidade Básica no dia 21 de maio”, afirmou a secretária de Saúde de Junqueiro, Amanda Gomes.
A secretária informou ainda que procedimento é preconizado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e que nenhum caso como esse ocorreu na cidade.
“Só esse ano colocamos cerca de 60 DIUs e nunca tivemos uma situação como essa”.
“Aqui no Estado de Alagoas Junqueiro é um dos 37 municípios que tem enfermeiros aptos fazer esse tipo de procedimento”.
O presidente das Câmaras do Conselho Regional de Enfermagem de Alagoas (Coren-AL), Eduardo Araújo, reforçou que diversos exames, como citológicos e ginecológicos, são realizados para saber se a mulher está elegível a colocar o dispositivo contraceptivo.
“Utilizamos todas essas referências internacionais que dão segurança a esse procedimento”.
“Até o momento, nada teria impedido ou colocado essa mulher como ilegível para não usar o DIU, pelo contrário”.
Araújo explicou que reuniões já estão programas na cidade, inclusive com os demais enfermeiros para a comunidade ter consciência de que a prática é muito segura e baseada em evidências científicas.
G1/AL e TV Gazeta