O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, pediu neste domingo (14) ao Conselho de Segurança que imponha “todas as sanções possíveis” ao Irã, após seu ataque sem precedentes com drones e mísseis lançado contra o território israelense.
“O Conselho precisa agir”, afirmou Erdan em uma reunião de emergência do Conselho, exigindo que “todas as sanções possíveis sejam impostas ao Irã antes que seja tarde demais”.
A ofensiva do Irã foi uma retaliação ao ataque israelense contra a embaixada iraniana na Síria.
Rivais de longa data, Israel e Irã travam um duelo cuja intensidade varia conforme o momento geopolítico.
O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, convocou uma reunião “imediata para condenar de forma inequívoca o Irã por esta grave violação” e pediu ao Conselho “que aja para designar como organização terrorista” a Guarda Revolucionária, exército ideológico iraniano.
Na noite deste sábado, o Irã disparou mais de 300 artefatos contra Israel em resposta a um suposto ataque israelense contra seu consulado na cidade de Damasco, na Síria.
O bombardeio de 1º de abril destruiu o consulado iraniano em Damasco e matou dois altos oficiais da Guarda Revolucionária.
O Irã responsabilizou Israel pelo ataque à sede diplomática, mas Israel não confirmou, nem desmentiu.
Fala do representante de Israel
Gilad Erdan, representante de Israel na ONU fez várias comparações entre o Irã e o regime nazista:
Comparou o regime do aiatolá ao 3º Reich, afirmando que o Irã não é diferente do regime nazista e que o aiatolá não é diferente de Hitler.
Mencionou que o regime do aiatolá age como o regime nazista ao buscar hegemonia e exportar sua revolução.
Comparou gritos de guerra do Irã (“morte a Israel, morte aos EUA”) ao “Sig Heil” nazista.
O representante de Israel na ONU afirmou que seu país tem o direito de retaliar o Irã após o ataque sofrido.
Ele destacou que Israel não é passivo diante de ameaças e ataques:
“Não somos sapos na água fervente, somos uma nação de leões” (ele refere-se à ideia de que os sapos em água não percebem que a temperatura está aumentando lentamente e não pulam para fora).
Ele pediu ação do Conselho de Segurança da ONU para que imponha “todas as sanções” contra o Irã e passe a considerar a Guarda Revolucionária uma organização terrorista.
Resposta do Irã
Logo depois, o representante do Irã na ONU, Saeed Iravani, se pronunciou.
Ele afirmou que o país realizou uma operação legítima, conforme as regras da ONU, direcionada apenas a alvos militares.
Iravani falou da proteção dada a Israel por países como EUA, Reino Unido e França na Faixa de Gaza.
Ele mencionou então o ataque contra as instalações do Irã em Damasco, ressaltando que o Irã notificou a ONU e agiu dentro do direito internacional ao responder.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o Oriente Médio “está à beira do abismo” e que há um perigo de um conflito em larga escala.
“É hora de reduzir e desescalar a situação e exercer o máximo de contenção”, disse ele.
Ele fez um breve relato dos acontecimentos desde o dia 1º de abril, quando o consulado do Irã em Damasco foi atacado, e disse que criticou tanto esse ataque como a resposta do Irã na noite de sábado (13).
“Pedi um cessar imediato das hostilidades”.
“É hora de recuar”.
“Civis já estão pagando o preço mais alto”.
“Temos uma responsabilidade compartilhada de evitar uma nova escalada”.
“A paz e a segurança estão sendo minadas a cada hora. Não podemos suportar outra guerra”, disse ele.
Robert Wood, representante dos EUA no Conselho de Segurança, disse que o intuito do Irã era causar dano e morte. Foi um risco para outros países na região.
“O Conselho de Segurança tem a obrigação de não permitir que tais ações fiquem sem resposta”.
Ele afirmou também que se o Irã ou seus aliados tomarem ação contra os EUA, o Irã será responsabilizado.
Vasily Nebenzya, representante da Rússia na ONU, defendeu o Irã.
Ele afirmou que o Conselho de Segurança não condenou o ataque ao consulado do Irã em Damasco.
“O que aconteceu na noite de 13 de abril não foi no vácuo”.
“O Irã agiu pela falta de ação do Conselho de Segurança”.
Ele também criticou países do Ocidente que não condenaram aquele ataque:
“Hoje testemunhamos uma mostra de hipocrisia e duplo padrão”.
Líderes do G7
Os líderes do G7, grupo dos sete países mais industrializados do mundo, condenaram o ataque e disseram que trabalhariam para tentar estabilizar a situação no Oriente Médio.
A Itália, que ocupa a presidência rotativa do Grupo dos Sete, agendou uma reunião virtual com os demais membros do grupo, que inclui EUA, Canadá, França, Alemanha, Inglaterra e Japão.
Na declaração, os líderes demonstraram preocupação com uma possível escalada de tensões na região. Além disso, pediram cessar-fogo imediato em Gaza.
“Nós, os líderes do G7, condenamos inequivocadamente e nos termos mais fortes o ataque direto e sem precedentes do Irã contra Israel”.
“O Irã disparou centenas de drones e mísseis contra Israel […] Com as suas ações, o Irã aumentou o risco de desestabilização da região e corre o risco de provocar uma escalada regional incontrolável. Isto deve ser evitado”, disseram os líderes no comunicado.
“Reforçaremos também a nossa cooperação para pôr fim à crise em Gaza, trabalhando para um cessar-fogo imediato e para a libertação de reféns pelo Hamas, e para aumentar a assistência humanitária aos palestinos necessitados”.
Comissão Europeia
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou que o ataque do Irã a Israel pode provocar uma escalada de conflito na região e reiterou que isso “deve ser evitado”.
“Ontem, o Irã lançou um ataque massivo contra Israel, usando drones e mísseis”.
“Um ataque iraniano direto contra Israel não tem precedentes”.
“Hoje, nós, os líderes do G7, condenamos isso nos termos mais fortes”.
“Expressamos a nossa solidariedade e apoio ao povo de Israel e reafirmamos o nosso compromisso inabalável com a sua segurança”, disse.
Von der Leyen afirmou também que o grupo continuará a trabalhar para estabilizar a situação.
“Nós alertamos o Irã e seus aliados a cessar os ataques completamente. Todas as partes devem exercer a máxima contenção.”
Estados Unidos
No sábado, Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, classificou o ataque do Irã contra Israel como “descarado”.
Neste domingo, Biden disse ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que os Estados Unidos não participarão de nenhum contra-ataque israelense contra o Irã.
Num comunicado divulgado após os ataques, Biden afirmou ter dito a Netanyahu que Israel “demonstrou uma capacidade notável para se defender e derrotar até mesmo ataques sem precedentes”.
Biden não disse no comunicado se ele e Netanyahu discutiram uma possível resposta israelense ou um potencial envolvimento dos EUA.
No entanto, John Kirby, o principal porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, afirmou no domingo (14) ao programa “This Week” da ABC que os Estados Unidos continuarão a ajudar Israel a se defender, mas não querem a guerra com o Irã.
Israel
Em um comunicado oficial, o membro do Gabinete de Guerra de Israel, Benny Gantz, afirmou que o Irã pagará na hora certa pelo ataque feito ao país.
O porta-voz da Diplomacia Pública de Israel, Avi Hyman, disse que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu ameaçou “ferir qualquer um” que tenha planos de atacar Israel.
“O Irã continua a desestabilizar o mundo e a trazer perigo para a região […]. Nenhum país no mundo toleraria ameaças repetidas dessa natureza”.
“Houve um tempo que os judeus não tinham defesa e não tinham como se proteger”.
“Hoje os judeus têm Israel e nós vamos defender nosso direito de viver livremente na nossa terra”, acrescentou.
Daniel Hagari, porta-voz dos militares israelenses, disse que o país já aprovou “planos operacionais para ações ofensivas e defensivas”.
Irã
O general Mohammad Hossein Bagheri, chefe do Estado-Maior das forças armadas iranianas, disse que a operação terminou, segundo a agência de notícias estatal IRNA.
“Não temos intenção de continuar a operação contra Israel”, afirmou.
O Irã disse que tinha como alvo instalações envolvidas no ataque a Damasco.
Em um pronunciamento, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, disse que o país emitiu um alerta três dias antes do ataque contra Israel.
Segundo ele, o país não defende “a escalada de tensões na região” e que as operações têm o objetivo de defesa legítima.