Impeachment: 19 deputados do partido de Bolsonaro não assinam pedido contra Lula

Parte dos parlamentares é tida por colegas como mais simpática ao petista; confira a lista
Altineu está entre os deputados que não assinaram o pedido. (Foto: reprodução / arquivo – Agência Câmara)

Nem todos os deputados do PL, partido de Jair Bolsonaro, assinaram o pedido de impeachment contra seu maior rival político: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O documento foi articulado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) com apoio da maioria maciça da bancada da legenda na Câmara dos Deputados.

A justificativa do pedido tem como base a comparação feita por Lula da guerra entre Israel e Hamas com o holocausto sofrido pelos judeus na Segunda Guerra Mundial.

Ao todo, 19 dos 96 deputados federais em exercício do PL não assinaram o pedido.

Com exceção de Altineu Côrtes (PL-RJ), líder da bancada do PL na Câmara, eles são considerados menos radicais e sem tanta ligação com a ala do partido turbinada após a filiação ao partido.

Inclusive, parte desses deputados votou conforme queria o governo Lula em algumas pautas econômicas, como o novo marco fiscal e a reforma tributária.

Neste último caso, muitos se posicionaram a favor da reforma mesmo com o PL orientando seus deputados a votar contra.

Veja os deputados do PL que não assinaram o pedido de impeachment já protocolado contra o presidente Lula:

Altineu Côrtes (PL-RJ)

Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP)

Giacobo (PL-PR)

Henrique Júnior (PL-MA)

Icaro de Valmir (PL-SE)

João Carlos Bacelar (PL-BA)

Jorge Goetten (PL-SC)

Júnior Mano (PL-CE)

Luciano Vieira (PL-RJ)

Luiz Carlos Motta (PL-SP)

Matheus Noronha (PL-CE)

Paulo Marinho Junior (PL-MA)

Robinson Faria (PL-RN)

Rosângela Reis (PL-MG)

Sonize Barbosa (PL-AP)

Soraya Santos (PL-RJ)

Tiririca (PLSP)

Vinicius Gurgel (PL-AP)

Wellington Roberto (PL-PB)

Líder dos deputados do PL, Altineu Côrtes afirmou à CNN que não assinou o pedido porque a intenção é que ele seja o relator do processo na Câmara, caso seja aceito pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) — o que não tem perspectiva de acontecer.

“O partido quer que eu seja o relator. Por isso, não assinei. A maioria esmagadora assinou do nosso partido”, afirmou.

O deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) afirmou à CNN que não assinou o pedido porque não concorda com a iniciativa nem com as justificativas apresentadas.

“Quem o povo elegeu não deve ser retirado do cargo pelo Congresso”.

s outros parlamentares da lista também foram procurados pela reportagem, mas não se manifestaram até o momento.

A assessoria da deputada Carla Zambelli, autora do pedido de impeachment, informou que o documento foi protocolado com 139 assinaturas em apoio.

No entanto, que cerca de mais quatro deputados pediram para incluir suas assinaturas.

Entre eles, Giacobo.

A previsão de Zambelli é que o pedido chegue a até 146 assinaturas.

O deputado federal Alberto Fraga (PL-DF) disse ter sido uma “surpresa” saber que colegas não assinaram o pedido.

“Nosso partido é um partido de oposição. Portanto, acho que o presidente do partido talvez devesse ter uma conversa com esses parlamentares. Cada um tem o seu motivo, mas acho inexplicável isso aí”.

Seu colega Bibo Nunes (PL-RS) disse “lamentar muito” o posicionamento de quem não aderiu. “Sinceramente, não entendo esse comportamento e não concordo”.

Sob reserva, outros parlamentares do PL afirmaram à CNN (responsável por esta reportagem) que os deputados desse grupo são tidos como mais simpáticos ao governo Lula ou “do sistema”.

Um chegou a dizer que acredita que serão “expurgados do partido naturalmente” com o tempo.

A CNN apurou que a direção nacional do PL não pretende retaliar os deputados que não assinaram o pedido de impeachment.

Na relação, há também deputados federais de partidos que integram a Esplanada dos Ministérios. No total, 42 congressistas de MDB, PSD, União Brasil, PP e Republicanos.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), deu prazo até esta quinta-feira (29) para que retirassem as assinaturas.

O Palácio do Planalto, no entanto, descarta uma retaliação, já que avalia que é o momento de o presidente aumentar o diálogo com parlamentares independentes ou de oposição.

Luciana Amaral, Gustavo Uribe –CNN / Brasília

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