Hang é condenado à multa de R$ 85 mi por coagir empregados na eleição

Empresário e dono das lojas Havan teria coagido seus empregados a votarem em Jair Bolsonaro em 2018
Bolsonaro e Luciano Hang: empresário é acusado de ter ameaçado despedir funcionários e fechar lojas se o adversário Fernando Haddad (PT) ganhasse a eleição; além disso, empregados ainda eram obrigados a responder enquetes promovidas pela própria Havan, informando em quem votariam. (Foto: reprodução)

Luciano Hang, empresário e dono da rede de lojas Havan, foi condenado a pagar mais de R$ 85 milhões por coagir os empregados a votarem em Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial de 2018.

A ação civil foi movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e está sujeita a recurso.

O empresário é acusado de ter ameaçado despedir funcionários e fechar lojas caso Fernando Haddad (PT), na época candidato à Presidência da República, ganhasse a eleição.

Os empregados ainda eram obrigados a responder enquetes promovidas pela própria Havan, informando em quem votariam.

De acordo com os promotores do caso, os funcionários de Hang foram censurados e humilhados.

“Os réus valeram-se de sua condição de empregadores para impor sua opinião política a respeito dos candidatos à Presidência da República e para vincular, de maneira absolutamente censurável, a manutenção dos postos de trabalho de seus colaboradores, valendo-se de métodos humilhantes, vexatórios e, até mesmo, de ‘pesquisas eleitorais’ obrigatórias sem qualquer respaldo em lei.”

A Justiça do Trabalho determinou que cada loja da Havan existente na época deve pegar R$ 500 mil por assédio eleitoral, cerca de R$ 1 milhão seja pago por danos morais e que cada funcionário empregado até outubro de 2018 receba R$ 1 mil por danos morais individuais. Os valores ainda estão sujeitos a juros e correção monetária. O valor calculado pela Justiça ultrapassa R$ 85 milhões.

Voto de cabresto

Ainda em outubro de 2018, o juiz Carlos Alberto Pereira de Castro considerou que Hang havia reeditado o “voto de cabresto” ao tentar “impor a grupos de pessoas a escolha política ditada por uma pessoa dotada de maior poderio dentro de certas comunidades”. Segundo o juiz, o empresário manteve uma “conduta flagrantemente amedrontadora” contra os empregados.

O Metrópoles (responsável por esta reportagem) entrou em contato com a assessoria do empresário, que, por meio de nota, classificou a condenação como “descabida e ideológica”.

“É um total absurdo. Inclusive, na época dos acontecimentos, foram feitas diversas perícias nomeadas pela própria Justiça do Trabalho e nada ficou comprovado, não houve irregularidades”, afirmou Hang.

“O juiz deveria seguir as provas, o que não fez, seguiu a sua própria ideologia”, acrescentou.

“Mais uma vez, o empresário sendo colocado como bandido”, afirmou Hang.

Ele ainda ressaltou que todas as ordens e decisões da Justiça foram cumpridas, com informações levadas a todos os colaboradores sobre a livre expressão do voto, com o envio de mala direta no e-mail dos colaboradores e colocado no display eletrônico de cada loja.

Tudo foi feito de modo a garantir a liberdade dos colaboradores.

Afinal, temos até hoje em nosso quadro colaboradores de várias outras ideologias políticas.

Aliás, importante lembrar que o voto é secreto e cada um votou conforme sua convicção”, diz o empresário.

Por fim, Luciano Hang destacou que a denúncia não partiu de colaboradores, mas sim de agentes públicos com militância política e sindicatos. “Estamos tranquilos e vamos recorrer da decisão, afinal, nada foi feito de errado e isso já havia sido comprovado lá atrás. Ainda acreditamos na Justiça brasileira.”

Madu Toledo

Leia também