Governo deve revogar MP da reoneração

Proposta inclui enviar projeto com transição mais longa para fim de benefício
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, durante sessão na casa parlamentar em abril de 2023: decisão desta semana de janeiro sustaria os efeitos de texto anterior —o que, na prática, vai manter a decisão do Congresso de prorrogar até 2027 o benefício fiscal para 17 setores da economia e estendê-lo. (Foto: reprodução / Edilson Rodrigues / Agência Senado)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fecharam um entendimento sobre a Medida Provisória editada pelo governo para a reoneração da folha de pagamento.

De acordo com relatos feitos à CNN (responsável por esta reportagem), o governo deve enviar uma nova MP para sustar os efeitos do texto anterior —o que, na prática, vai manter a decisão do Congresso de prorrogar até 2027 o benefício fiscal para 17 setores da economia e estendê-lo para municípios de até 142 mil habitantes.

A decisão saiu de contato entre o chefe da equipe econômica do governo federal, Haddad, e o presidente do Congresso Nacional Pacheco, na noite dessa segunda-feira (15).

À CNN, Haddad disse, no entanto, que o movimento não significa que o governo desistiu da reoneração.

Segundo cálculos da Fazenda, o custo da desoneração neste ano é de R$ 16 bilhões neste ano, e o montante não consta do Orçamento de 2024.

Diante desse cenário, o governo deve enviar ao Legislativo um projeto de lei com um novo desenho para a volta gradual desses setores à tributação sobre a folha de salários.

Um dos modelos que está em discussão na equipe econômica é aumentar o prazo de transição para a reoneração até 2029.

A expectativa é que as medidas sejam anunciadas de forma simultânea.

Para isso, no entanto, Haddad deve conversar, ainda nesta terça-feira (16), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

A ideia da Fazenda é que o projeto estabeleça o início imediato da reoneração, mesmo que seja num patamar mais baixo e aumente de forma gradual durante os seis anos.

O importante para a equipe de Haddad é que se estabeleça, desde já, um desmame e um fim definitivo do programa, instituído como temporário no governo Dilma Rousseff (PT) em 2011, mas que vem sendo prorrogado desde então.

Segundo relatos feitos à CNN, durante a conversa desta segunda, a discussão teve como objetivo encontrar um caminho que una os interesses fiscais e os políticos.

Pacheco disse que não teria como discutir a reoneração por meio de uma MP, sendo que o Congresso havia acabado de decidir pela prorrogação do programa.

Embora o presidente do Senado venha dizendo a aliados “ser legítimo” que o governo decida enviar um projeto de lei sobre a reoneração, Pacheco admite, nos bastidores, dificuldades para avançar no tema.

Ele próprio é a favor da desoneração para os 17 setores.

Não há, por enquanto, nenhum compromisso de Pacheco com uma eventual discussão de urgência para o projeto a ser enviado.

A aliados, no entanto, o presidente do Senado não descarta a possibilidade.

Na prática, embora o Congresso também seja contra o mérito da Medida Provisória, o que mais incomodou os parlamentares foi a forma —já que a MP tem efeito imediato.

A partir do envio da nova proposta ao Congresso, Haddad deve seguir no debate com senadores e deputados.

Há a perspectiva de que o ministro da Fazenda tenha uma reunião com líderes no dia 8 de fevereiro.

Perse e compensações tributárias

Como a medida provisória editada pelo governo no dia 28 de dezembro também tratava do fim do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e de um limite para as compensações de impostos por meio de créditos obtidos via judicial, a equipe econômica também trabalha em novos textos para essas duas propostas.

Segundo a CNN apurou, ainda não está decidido se a descontinuação do Perse, de forma gradual, pelos próximos dois anos, será enviada em nova Medida Provisória ou por projeto de lei.

Já a compensação dos créditos tributários tem mais consenso e deve ser mantido em uma MP.

Thais Arbex, Larissa Rodrigues, Luciana Amaral – CNN / Brasília

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