O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou nesta sexta-feira (10) a fazer afagos ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e, também, defendeu o deputado de vaias durante um evento de entrega de moradias populares em Maceió, capital de Alagoas.
Durante discurso a uma plateia de apoiadores, Lula afirmou que o ato desta sexta tinha caráter institucional, e não teor partidário, por isso, na avaliação do petista, não caberia vaia aos políticos presentes.
“A gente precisa apenas a aprender a respeitar quando o ato é institucional, um ato institucional não tem cor partidária. Porque, senão, fica difícil para um presidente da República viajar para inaugurar coisas, porque as pessoas que vem aqui são convidas por nós. E ninguém leva ninguém na sua casa para ser vaiado”, afirmou Lula.
Antes do pronunciamento do presidente, Lira discurso e citou o pai, o ex-senador Benedito de Lira, que hoje é prefeito de Barra de São Miguel (AL). Houve vaias, e Lira reclamou.
“O meu pai, que muitos aplaudem e muitos vaiam, mas eu duvido, eu duvido que um morador que vai ser atendido por essas casas esteja vaiando hoje. Isso é uma falta de respeito! Isso é uma falta de respeito”, disse o presidente da Câmara.
Diante das vaias, Lula se levantou e ficou ao lado de Lira durante parte do discurso do presidente da Câmara.
O público também se dividiu entre vaias e aplausos para o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, e o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB-AL).
Nesta quinta-feira (09), em São José da Tapera, no interior do estado, Lula já havia feito acenos ao presidente da Câmara, durante cerimônia de assinatura de contrato de obras hídricas no sertão alagoano.
Nesta sexta, o presidente da República voltou a dizer que, embora o PT tenha somente 68 deputados em um universo de 513 na Câmara, o governo tem conseguido aprovar projetos de interesse na Casa.
“Nós, até agora, não tivemos um único projeto derrotado, todos foram aprovados”, declarou.
Apesar dos afagos de Lula, recentemente, Arthur Lira fez duras críticas à articulação política do governo Lula junto ao Congresso.
O parlamentar alagoano chegou, inclusive, a chamar de “incompetente” e “desafeto pessoal” o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que é o responsável pela interlocução do Executivo com o Legislativo.
À época, Lira estava descontente com o que considerava interferências do governo em assuntos internos da Câmara e, também, com a demora do governo na liberação de emendas parlamentares.
Na época, o deputado chegou a dizer a aliados que deixaria propostas criticadas pelo governo avançar e cogitou abrir CPIs que poderiam gerar desgaste ao governo.
Após as críticas do deputado, Lula se reuniu com Lira para aperar arestas.
Nesta quinta-feira, após acordo com o governo, deputados e senadores derrubaram parcialmente, em sessão do Congresso, um veto de Lula a emendas de comissão.
Com isso, os congressistas conseguiram liberar R$ 3,6 bilhões em recursos que poderão ser investidos neste ano eleitoral.
Minha Casa, Minha Vida
Lula participou da entrega de unidades do Minha Casa, Minha Vida em Maceió.
O presidente voltou a defender que casas tenham boa estrutura e reforçou que as famílias de baixa renda também gostam de morar em boas áreas e utilizar produtos de qualidade.
“As pessoas acham que a gente nasceu para ficar em boteco tomando cachaça. Não é assim que é o pobre”, afirmou.
O presidente citou a história de uma mulher com cinco filhos que recebeu umas das casas para fixar um lar e criar as crianças.
Lula também disse que a beneficiária do programa habitacional precisa “se cuidar” por causa da quantidade de filhos.
“Aquela menina que tem um monte de filhos, ela tem cinco filhos. Eu falei ‘companheira, quando é que vai fechar a porteira, companheira?’ Não pode mais ter filho. Ela tem cinco, ela tem 27 anos de idade. Eu falei, ‘É preciso você se cuidar, na hora que o filho nasce é preciso saber como é que a gente vai cuidar. E nem sempre o Estado cuida, nem sempre a religião cuida, quem tem que cuidar é o pai e a mãe”, disse o presidente.
O petista também fez críticas a especialistas que apontam problemas na condução econômica do governo.
“Se eu pudesse estudar eu teria sido economista”.
“Pense num bicho esperto que é economista”.
“Sabe de tudo quando é oposição”.
“Porque quando chega no governo não sabe de nada”, disse.