O Brasil se mantém na posição de mediador do conflito – por enquanto, de âmbito diplomático – entre Guiana e Venezuela.
Mas, o prazo está se expirando, pelo anúncio do presidente Nicolás Maduro de promover, em dezembro, um referendo sobre a anexação de parte do território de um país vizinho.
A parte reclamada hoje integra o território da Guiana, é chamada Guiana Essequiba, tem 160 mil quilômetros de extensão e equivale a 74% do território do país.
Vale lembrar que os três territórios entre a Venezuela e o Brasil eram, até – em alguns casos – o século XX, colônias de países europeus: o Suriname, da Holanda, e a Guiana, da Inglaterra.
A Guiana francesa, aliás, permanece com relações com a Europa, na condição de departamento ultramarino da França.
Ocorre que há mais de um século, Venezuela e a então metrópole disputavam a região: o país sul-americano reclamava a posse; a Inglaterra, também.
Houve tentativas de negociação, mas, nunca se chegou a um acordo.
A região recebe o nome porque vai da fronteira com a Venezuela até o rio Essequibo e era objeto de disputa de cunho histórico – não tão acirrado – até 2015, quando se descobriu uma gigantesca reserva de petróleo, especialmente no mar.
De acordo com analistas, a reserva é estimada em impressionantes 11 bilhões de barris, equivale a 75% das reservas brasileiras e tem potencial para tornar o pequeno país sul-americano a maior potência mundial no combustível fóssil.
Daí o interesse da Venezuela, já consolidada na condição de maior produtor mundial.
O governo da Guiana diz que o referendo venezuelano é uma provocação e que vai reagir, tendo acionado os Estados Unidos, que têm muito interesse na questão, por duas razões mais importantes: as diferenças para com o regime venezuelano e a responsável pela exploração ser a estadunidense Exxol Mobil.
A região de maior disputa, o trecho oceânico em frente ao território reclamado, é próximo da área onde o próprio Brasil anunciou interesse em começar a exploração petrolífera: a foz do rio Amazonas.
Nesse caso, as discussões não se dão por questões nacionais, já que a região se encontra em águas territoriais brasileiras, mas, de ordem ambiental.
A resistência das autoridades de meio ambiente são de que a operação cause impacto ao ecossistema da região.
Curiosamente, esta não é a única região da América do Sul onde há disputas territoriais: existem áreas reclamadas entre Chile e Argentina, no sul do continente, entre Chile e Bolívia e até entre o Brasil e Uruguai.
Com Informações DW/Brasil – Bruno Lupion