Como dissemos em publicação recente, o calendário político segue ritmo diferente do civil, em relação às eleições do ano que vem.
Enquanto para nós eleitores, este só começa em janeiro – ou com a campanha ou nos fins de prazo para se regularizar na justiça Eleitoral –, para os políticos, segmentos da economia ligados à área, marqueteiros e analistas já começou.
E faz tempo.
Prova disso é a mobilização de interessados em concorrer à prefeitura de cidades do interior, mas, que, sem filiação, estão em busca de um partido.
É onde reside uma curiosidade ideológica das eleições de Alagoas envolvendo o bolsonarismo: enquanto Maceió se mostra a capital mais bolsonarista na região mais lulista do país, no interior, a situação é diferente.
“No interior [de Alagoas], a votação tende a ser mais para partidos e nomes ligados à esquerda”, sentencia liderança política estadual com quem conversamos sobre o tema.
A eleição do presidente Lula (PT) é atribuída ao Nordeste, seja enquanto uma ajuda, seja enquanto peso decisivo que faltava na balança de votos em prol do petista – a ponto de levar à mobilização da PRF para impedir eleitores nordestinos de votar, como denunciado no Congresso.
Desempenho semelhante se deu em oito capitais, com algumas, como Teresina (PI), batendo os 66,44%.
Já Maceió se mostrou destoante; elegendo Bolsonaro (PL) em 2018 e dando-lhe mais votos, de novo, em 2022 – além do questionável título de cidadão honorário, há três anos.
Porém, no interior de Alagoas, a coisa é diferente.
Conforme apuramos, pelo menos sete políticos já procuraram o PL manifestando o desejo de se candidatar pelo partido de Bolsonaro às prefeituras de suas cidades, entre as quais, Mar Vermelho, entre o Agreste o Vale do Paraíba, e Porto de Pedras, balneário do litoral norte que vem se tornando o novo recanto-celebridade entre as praias da região – para o bem ou para o mal.
Em Maceió, o candidato é o prefeito JHC (PL), para muitos, virtualmente reeleito.
Com essa vantagem, o prefeito se permite administrar as alianças envolvendo a legenda, em que é o presidente estadual, para demais cidades.
Outra liderança do campo aliado, o deputado federal Marx Beltrão (PP), por sua vez, se encarregada de mais outras negociações.
O nome usado entre alguns do segmento é “pedir para reservar” a legenda ao novo filiado – e futuro candidato.
O primeiro critério para isso é ser bolsonarista – e nem precisa ser o chamado “raiz” – e o segundo, ser oposição à administração atual.
E os critérios são, rigorosamente, nessa ordem.
E eis que, curiosamente, está no primeiro a maior dificuldade dos que se apresentaram para se filiar ao partido com vistas a concorrer em seus municípios, ano que vem.
“A maior dificuldade é você externar que é bolsonarista, no interior [do Estado], por causa da resistência que existe por lá”, diz uma liderança que tem acompanhado o processo – com quem conversamos.