O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues repudiou nesta quinta-feira (09) a declaração do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, após uma operação policial, em parceria com o Mossad, serviço de inteligência de Israel, desmantelar uma suposta trama terrorista no Brasil com ligações com o grupo Hezbollah.
Ao jornal “O Globo”, Zonshine disse que, “se escolheram o Brasil, é porque tem gente que ajuda”, ao se referir à descoberta de pessoas que teriam sido recrutadas pelo Hezbollah.
A fala do embaixador, segundo Passos Rodrigues contou a Camila Bomfim, do g1, causou “mal-estar” e “surpresa”: “foi uma surpresa negativa, uma vez que historicamente há relações entre Brasil e Israel. Eu repudio completamente”. A postura de Zonshine “causou profundo mal-estar nas relações da PF”, detalhou o diretor-geral, que ainda lamentou “a maneira como está sendo explorado um trabalho técnico e que tem com únicas balizas a Constituição do Brasil e as leis brasileiras”.
Dino diz que Brasil é “país soberano”
Mais cedo, o ministro da Justiça, Flávio Dino, também se manifestou as declarações da autoridade israelense.
A PF, dirigida por Passos, é vinculada ao Ministério da Justiça, cujo titular é Flávio Dino.
Com a postura que lhe é peculiar, de não deixar críticas sem resposta, o ministro disse que, “em momento oportuno, PF apresentará provas da ação sobre terrorismo”.
As colocações foram feitas em postagem em rede social.
Nessa quarta-feira (08), operação da Polícia Federal, em parceria com o serviço de inteligência de Israel, para prender supostos terroristas brasileiros ligados ao Hezbollah, foi alvo de desconfiança.
Diante dessa desconfiança, manifestada por diversos setores, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), destacou que o Brasil “é um país soberano” e que “nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal”.
“Os mandados cumpridos ontem, sobre possível caso de terrorismo, derivaram de decisões do Poder Judiciário do Brasil. Se indícios existem, é dever da Polícia Federal investigar, para confirmar ou não as hipóteses investigativas. A conduta da Polícia Federal decorre exclusivamente das leis brasileiras, e nada tem a ver com conflitos internacionais. Não cabe à Polícia Federal analisar temas de política externa”, publicou Dino no X, antigo Twitter, nesta quinta-feira (09).
Veja o conteúdo com os pontos destacados pelo ministro da Justiça, na publicação:
1.O Brasil é um país soberano. A cooperação jurídica e policial existe de modo amplo, com países de diferentes matizes ideológicos, tendo por base os acordos internacionais.
2.Nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil. E nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar resultado de investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento;
3.Quem faz análise da plausibilidade de indícios que constam de relatórios internacionais são os delegados da Polícia Federal, que submetem pedidos ao nosso Poder Judiciário;
4.Os mandados cumpridos ontem, sobre possível caso de terrorismo, derivaram de decisões do Poder Judiciário do Brasil. Se indícios existem, é DEVER da Polícia Federal investigar, para CONFIRMAR OU NÃO as hipóteses investigativas;
5.A conduta da Polícia Federal decorre exclusivamente das leis brasileiras, e nada tem a ver com conflitos internacionais. Não cabe à Polícia Federal analisar temas de política externa;
6.As investigações da Polícia Federal começaram ANTES da deflagração das tragédias em curso na cena internacional;
7.Apreciamos a cooperação internacional cabível, mas repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para fins de propaganda de seus interesses políticos;
8.Quando legalmente oportuno, a Polícia Federal apresentará ao Poder Judiciário do Brasil os resultados da investigação técnica, isenta e com apoio em provas analisadas EXCLUSIVAMENTE pelas autoridades brasileiras.
Brasil 247