Dilma Rousseff sobre 64: “manter a memória” é crucial para golpe não se repetir

Ex-presidente da República foi barbaramente torturada enquanto esteve presa, dos 19 aos 22 anos
Presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff: “qualquer pessoa que ousar dizer a verdade para interrogadores compromete a vida de seus iguais”, escreveu ela, numa referência a quando perguntada se mentiu sob tortura. (Foto: reprodução / Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Em sua conta no X/Twitter, a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento e ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, escreveu sobre a importância de se “manter a memória e a verdade histórica” sobre o golpe e a ditadura militar no Brasil.

Segundo Dilma, isso é crucial para que a “tragédia” do regime militar não se repita.

Dilma Rousseff foi presa pelos militares quando tinha 19 anos de idade e só saiu aos 22.

Sob custódia do Estado brasileiro, a ex-presidente foi submetida à tortura em pau arara, à palmatória, a choques elétricos e a socos.

Ela falou sobre o que sofreu na ditadura em depoimento ao Senado Federal no dia 7 de maio de 2008:

“Qualquer comparação entre a ditadura militar e a democracia brasileira só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira”, disse.

“Eu tinha 19 anos, fiquei três anos na cadeia e fui barbaramente torturada”.

“Qualquer pessoa que ousar dizer a verdade para interrogadores compromete a vida de seus iguais”.

“Entrega pessoas para serem mortas”, disse, quando perguntada sobre ter mentido, mesmo sob tortura.

“Eu me orgulho muito de ter mentido”, concluiu.

Sob tortura, muitos opositores à ditadura de 64 acabavam revelando localização de demais integrantes; o que acabavam levando à prisão, tortura e morte destes.

“Manter a memória e a verdade histórica sobre o golpe militar que ocorreu no Brasil há 60 anos, em 31 de março de 1964, é crucial para assegurar que essa tragédia não se repita, como quase ocorreu recentemente, em 8 de janeiro de 2023”, enfatizou.

“Como tentaram agora, naquela época, infelizmente, conseguiram”.

“Forças reacionárias e conservadoras se uniram, rasgaram a Constituição, traíram a democracia, e eliminaram as conquistas culturais, sociais e econômicas da sociedade brasileira”.

“O presidente João Goulart, legitimamente eleito, foi derrubado e morreu no exílio”, continuou.

“No passado, como agora, a História não apaga os sinais de traição à democracia e nem limpa da consciência nacional os atos de perversidade daqueles que exilaram e mancharam de sangue, tortura e morte a vida brasileira durante 21 anos”.

“Tampouco resgata aqueles que apoiaram o ataque às instituições, à democracia e aos ideais de uma sociedade mais justa e menos desigual”.

“Ditadura nunca mais!”, finalizou.

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