De 24 a 40 famílias podem ser desapropriadas para a construção de via ligando as avenidas Durval de Goes Monteiro (Tabuleiro) e Menino Marcelo (entre Serraria e Antares), em projeto custeado com recursos do acordo entre Prefeitura e Braskem.
Na primeira avenida, a via começará à altura do home center Tupã e o tema foi objeto de audiência marcada por acalorados debates, na Câmara de Maceió, segundo informe distribuído pela assessoria da vereadora Teca Nelma (PSD), autora da proposição para realização do debate – e que presidiu a sessão.
O encontro teve a presença de moradores afetados pela exigência de saída imposta pela obra, professores e especialistas em urbanismo e um representante do prefeito JHC (PL), segundo informe do gabinete da vereadora: o engenheiro civil Marcos Aurélio, servidor da SEMINFRA (Secretaria Municipal de Infraestrutura).
Ainda segundo a vereadora, ele reafirmou a posição da gestão municipal:
“A desapropriação acontecerá, vocês podem continuar a discussão na justiça, óbvio que terão que desocupar o imóvel, esta é a lei… Agora ele [o projeto] já está avançado, a prefeitura não é obrigada a avisar ninguém”, disse o representante da prefeitura.
A vereadora criticou a posição da Prefeitura:
“Eu vou ter que discordar de algumas coisas… obrigação de avisar eu compreendo que ele tem, quando se coloca como prefeito que será participativo e será representante da sociedade”, disse a parlamentar, referindo-se a uma das características da gestão, divulgadas pelo então candidato JHC, na campanha para a Prefeitura de Maceió, em 2020.
A vereadora recolheu a assinatura dos presentes e protocolou ofício à secretaria solicitando todos os estudos que embasaram o polêmico projeto.
Uma das questões suscitadas na audiência foi o desencontro de informações sobre o número de casas que terão que ser desapropriadas para a passagem da via: a Prefeitura diz que serão 24, estudo apresentado pelo professor de arquitetura da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Dilson Ferreira, aponta que serão cerca de 40 casas desapropriadas.
Ele apresentou alternativa, em que a via a ser construída passaria por um binário de outras, já existentes. Segundo o professor, o projeto alternativo apresenta muitas vantagens, como menor custo, menor impacto de vizinhança, menor impacto ambiental e menor prazo.
Para a professora e Coordenadora-Geral do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana de Maceió, Regina Dulce, a discussão passa pelo que ela chama de modus operandi da Prefeitura na execução de projetos, que diz constituir uma atitude da gestão de JHC – e não se restringe ao bairro em questão.
“A Prefeitura de Maceió funciona desse jeito, quer seja com o Antares, quer seja com o [corredor] Vera Arruda… é o modus operandi: trabalha, absolutamente, em segredo, com um falso discurso de que tem competência técnica e se pronuncia no Instagram. É o máximo que servem de comunicação”, argumentou ela.
A audiência foi marcada por desabafos, bate-boca e muita reclamação por parte dos moradores, que viraram as costas para a Mesa diretora dos trabalhos, durante a fala do representante da Prefeitura, “em forma de protesto”.
“Alguns levantaram gritos de ordem contra a desapropriação e outros saíram do plenário até que o servidor da Prefeitura terminasse de falar”, relata o informe distribuído pelo gabinete da vereadora, por meio de sua assessoria de comunicação social.
No dia seguinte (08), os moradores disseram ter recebido visita de fiscais da SEMINFRA para avaliar os imóveis.
Os integrantes da comunidade “prometem ir às vias judiciais para embargar a realização da obra”.
A audiência pode ser assistida no canal do Youtube da Câmara Municipal de Maceió.
A reportagem procurou ouvir o município, mas, não teve retorno.
Com assessoria